28 de fevereiro de 2011

ANNIE GIRARDOT (1931-2011), atriz

Morreu hoje em Paris, aos 79 anos, a atriz francesa Annie Girardot, que desde 2003 sofria do Mal de Alzheimer.
Girardot atuou em cerca de 120 filmes entre 1955 e 2007. Trabalhou com alguns dos melhores diretores europeus, em filmes como "Rocco e Seus Irmãos" (Rocco e i suoi fratelli, 1960), de Luchino Visconti, "Os Companheiros" (I compagni, 1963), "Uma Mulher Incomum" (La donna scimmia, 1964), de Marco Ferreri, "Morrer de Amor" (Mourir d'aimer, 1971), de André Cayatte, "Os Miseráveis" (Les misérables, 1995), de Claude Lelouch, e "A Professora de Piano" (La pianiste, 2001), de Michael Haneke.
Ela ganhou diversos prêmios, inclusive três César, o mais importante do cinema francês.
Annie Suzanne Girardot nasceu em 25 de outubro de 1931, em Paris. Era viúva do ator italiano Renato Salvatori (1933-1988), com quem teve uma filha, a atriz Giulia Salvatori.

27 de fevereiro de 2011

Oscar 2011: venceu 'O Discurso do Rei' como era previsto

A 83ª cerimônia de premiação da Acedemia de Artes e Ciências Cinematográfica de Hollywood aconteceu neste domingo, no Teatro Kodak, em Los Angeles. Os filmes "A Origem" e "O Discurso do Rei" conquistaram quatro estatuetas cada, mas o segundo se deu melhor porque ficou com os prêmios de melhor filme, diretor, ator e roteiro.
A seguir, a lista completa dos longas-metragens vencedores:
1 - Melhor filme: "O Discurso do Rei" (The King's Speech, 2010)
2 - Melhor diretor: Tom Hooper, por "O Discurso do Rei"
3 - Melhor ator: Colin Firth, por "O Discurso do Rei"
4 - Melhor atriz: Natalie Portman, por "Cisne Negro" (Black Swan, 2010)
5 - Melhor ator coadjuvante: Christian Bale, por "O Vencedor" (The Fighter, 2010)
6 - Melhor atriz coadjuvante: Melissa Leo, por "O Vencedor"
7 - Melhor roteiro original: David Seidler, por "O Discurso do Rei"
8 -Melhor roteiro adaptado: "A Rede Social" (The Social Network, 2010)
9 - Melhor filme de animação: "Toy Story 3" (2010), de Lee Unkrich
10 - Melhor filme em língua estrangeira: "Em um Mundo Melhor" (Haevnen, Dinamarca/Suécia, 2010), de Susanne Bier
11 - Melhor fotografia: Wally Pfister, por "A Origem" (Inception, 2010)
12 - Melhor montagem: Angus Wall e Kirk Baxter, por "A Rede Social"
13 - Melhor direção de arte: Robert Stromberg e Karen O'Hara, por "Alice no País das Maravilhas" (Alice in Wonderland, 2010)
14 - Melhor figurino: Colleen Atwood, por "Alice no País das Maravilhas"
15 - Melhor maquiagem: Rick Baker e Dave Elsey, por "O Lobisomem" (The Wolfman, 2010)
16 - Melhor trilha musical: Trent Reznor e Atticus Ross, por "A Rede Social"
17 - Melhor canção: Randy Newman, por "We Belong Together", em "Toy Story 3"
18 - Melhor mixagem de som: Lora Hirschberg, Gary A. Rizzo e Ed Novick, por "A Origem"
19 - Melhor edição de som: Richard King, por "A Origem"
20 - Melhores efeitos visuais: Paul Franklin, Chris Corbould, Andrew Lockley e Peter Bebb, por "A Origem"
21 - Melhor documentário: "Trabalho Interno" (Inside Job, 2010), de Charles Ferguson (produtores: Charles Ferguson e Audrey Marrs).

Framboesa de Ouro 2011: os piores dentre os piores de Hollywood

Saiu no último dia 26 de fevereiro, como de hábito na véspera do Oscar, a relação dos infelizes ganhadores dos prêmios Framboesa de Ouro (Razzie Award, para os americanos), considerados os piores do cinema de Hollywood.
A seguir, a lista completa:
1 - Pior filme: "O Último Mestre do Ar" (The Last Airbender)
2 - Pior diretor: M. Night Shyamalan, por "O Último Mestre do Ar"
3 - Pior ator: Ashton Kutcher, por "Par Perfeito" (Killers) e "Idas e Vindas do Amor" (Valentine's Day)
4 - Pior atriz: Sarah Jessica Parker, Kim Cattrall, Kristin Davis e Cynthia Nixon, por "Sex and the City 2"
5 - Pior atriz coadjuvante: Jessica Alba, por "The Killer Inside Me", "Entrando Numa Fria Maior Ainda com a Família" (Little Fockers), "Machete" e "Idas e Vindas do Amor"
6 - Pior ator coadjuvante: Jackson Rathbone, por "O Último Mestre do Ar" e "A Saga Crepúsculo: Eclipse" (The Twilight Saga: Eclipse)
7 - Pior uso de 3-D: "O Último Mestre do Ar"
8 - Pior elenco: "Sex and the City 2"
9 - Pior roteiro: M. Night Shyamalan, por "O Último Mestre do Ar"
10 - Pior refilmagem, prólogo, sequência ou paródia: "Sex and the City 2".

26 de fevereiro de 2011

Independent Spirit 2011: 'Cisne Negro' é o grande vencedor

O grande vencedor da 26ª edição dos Independent Spirit Awards, premiação voltada ao cinema americano independente, foi "Cisne Negro", com quatro prêmios importantes: melhor filme, diretor, atriz e fotografia.
Veja a lista dos ganhadores:
1 - Melhor filme: "Cisne Negro" (Black Swan, EUA, 2010)
2 - Melhor diretor: Darren Aronofsky, por "Cisne Negro"
3 - Melhor atriz: Natalie Portman, "Cisne Negro"
4 - Melhor ator: James Franco, "127 Horas" (127 Hours, EUA/Reino Unido, 2010)
5 - Melhor roteiro: Stuart Blumberg e Lisa Cholodenko, por "Minhas Mães e Meu Pai" (The Kids Are All Right, EUA, 2010)
6 - Melhor atriz coadjuvante: Dale Dickey, por "Inverno da Alma" (Winter's Bone, EUA, 2010)
7 - Melhor ator coadjuvante: John Hawkes, por "Inverno da Alma"
8 - Melhor fotografia: Matthew Libatique, por "Cisne Negro"
9 - Melhor filme estrangeiro: "O Discurso do Rei" (The King's Speech, Reino Unido/Austrália/EUA, 2010), de Tom Hooper
10 - Melhor filme de diretor estreante: "Get Low" (EUA/Alemanha/Polônia, 2009), de Aaron Schneider
11 - Melhor filme de roteirista estreante: "Tiny Furniture" (EUA, 2010), de Lena Dunham
12 - Melhor documentário: "Exit Through the Gift Shop" (EUA/Reino Unido, 2010), de Banksy
13 - Prêmio John Cassavetes: "Go Get Some Rosemary" (EUA/França, 2009), de Ben Safdie e Joshua Safdie.

César 2011: os melhores do cinema francês

A cerimônia de entrega do César, o mais importante prêmio do cinema francês, aconteceu na noite de ontem. O filme "Dos Homens e dos Deuses", de Xavier Beauvais, conquistou o César de melhor filme francês e Roman Polanski ficou com o prêmio de melhor diretor por "O Escritor Fantasma", que recebeu o maior número de estatuetas da noite.
A seguir a relação dos principais vencedores:
1 - Melhor filme: "Dos Homens e dos Deuses" (Des hommes et des dieux, França, 2010)
2 - Melhor diretor: Roman Polanski, por "O Escritor Fantasma" (The Ghost Writer, França/Alemanha/Reino Unido, 2010)
3 - Melhor filme estrangeiro: "A Rede Social" (The Social Network, EUA, 2010), de David Fincher
4 - Melhor ator: Eric Elmosnino, por "Gainsbourg - vie héroïque" (França, 2010)
5 - Melhor atriz: Sara Forestier, por "Le nom des gens" (França, 2010)
6 - Melhor ator coadjuvante: Michael Lonsdale, por "Dos Homens e dos Deuses"
7 - Melhor atriz coadjuvante: ?
8 - Melhor roteiro adaptado: "O Escritor Fantasma"
9 - Melhor trilha musical: "O Escritor Fantasma"
10 - Melhor fotografia: "Dos Homens e dos Deuses"
11 - Melhor montagem: "O Escritor Fantasma"
12 - Melhor filme de diretor estreante: "Gainsbourg - vie héroïque", de Joann Sfar
13 - Melhor ator revelação: Edgar Ramírez, por "Carlos" (Minissérie para a TV, França/Alemanha, 2010)
14 - Prêmios pela carreira: Olivia de Havilland e Quentin Tarantino.

25 de fevereiro de 2011

Curiosidades sobre o Oscar

No próximo domingo, 27 de fevereiro, acontecerá a 83ª edição anual da cerimônia de premiação do Oscar. Transmitida via satélite para todo o mundo, estima-se que a cerimônia será assistida por cerca de um bilhão de pessoas.

A Academia de Artes e Ciências Cinematográficas de Hollywood criou o prêmio em 1927 para promover seus filmes e homenagear o desempenho de atores, atrizes, diretores e vários outros profissionais. A origem do nome Oscar faz parte das lendas.

A estatueta (um cavaleiro corpulento e nu, de pé sobre um rolo de filme e segurando uma espada) foi desenhada por Cedric Gibbons, célebre diretor de arte dos estúdios Metro-Goldwyn-Mayer.

A primeira cerimônia foi simples e ligeira: durou 15 minutos e distribuiu 15 galardões. Aconteceu em 16 de maio de 1929, no Hotel Roosevelt, a poucos metros do Teatro Kodak, onde são entregues os prêmios atualmente.

Inicialmente, as estatuetas eram de puro bronze. Durante a Segunda Guerra Mundial, devido à escassez de metais, os troféus eram feitos de gesso, sendo depois substituídos pelas figuras conhecidas atualmente. O pedestal foi acrescentado em 1945.

No começo, o prêmio não tinha nome. Segundo a lenda, a bibliotecária da Academia, e eventual diretora-executiva, Margaret Herrick, achou a estatueta muito parecida com seu tio Oscar e só se referia a ela como Oscar.

A atriz Bette Davis chegou a reivindicar para si a honra de ter dado o nome Oscar ao prêmio, mas depois voltou atrás. Ela teria achado o bumbum da estatueta parecido com o de Harmon Oscar Nelson, seu primeiro marido.

Em 1934 o jornalista Sidney Skolsky utilizou o nome em sua coluna, ao falar do prêmio de melhor atriz recebido por Katharine Hepburn. Mas a Academia só começou a usar o nome Oscar a partir de 1939.

O prêmio mais cobiçado da sétima arte é de bronze banhado a ouro, mede 33 cm e pesa 3,85 kg. Sua entrega representa o reconhecimento de talentos em 24 áreas criativas do cinema, sendo 21 para filmes de longa-metragem, e três, de curta-metragem. No início, a Academia tinha 36 membros; hoje tem mais de 5.800.

19 de fevereiro de 2011

Festival de Berlim premia filme iraniano

O 61º Festival de Berlim, encerrado hoje, concedeu o Urso de Ouro de melhor filme à produção iraniana "Nader e Simin, uma Separação", que recebeu também os troféus de melhor ator, para o elenco masculino, e melhor atriz, para o elenco feminino.
A seguir a lista dos premiados na categoria longa-metragem:
1 - Urso de Ouro: "Nader e Simin, uma Separação" (Jodaeiye Nader az Simin, Irã, 2011), de Asghar Farhadi
2 - Grande Prêmio do Júri: "O Cavalo de Turim" (A Torinói ló, Hungria/França/Alemanha/Suíça/EUA, 2011), de Béla Tarr
3 - Prêmio da crítica (Fipresci): "O Cavalo de Turim"
4 - Prêmio do Júri Ecumênico: "Nader e Simin, uma Separação"
5 - Urso de Prata para melhor diretor: Ulrich Köhler, por "Doença do Sono" (Schlafkrankheit, Alemanha/França, 2011)
6 - Prêmio Alfred Bauer (trabalho inovador): "Se Nós Não, Quem" (Wer wenn nicht wir, Alemanha, 2011), de Andres Veiel
7 - Melhor ator: elenco masculino de "Nader e Simin, uma Separação"
8 - Melhor atriz: elenco feminino de "Nader e Simin, uma Separação"
9 - Melhor roteiro: Joshua Marston e Andamion Murataj, por "The Forgiveness of Blood" (EUA/Albânia/Dinamarca/Itália, 2011)
10 - Prêmio de melhor contribuição artística (ex-aequo): Wojciech Staron, pelo trabalho de câmera em "El premio" (México/França/ Polônia/Alemanha, 2011), e Barbara Enriquez, pelo desenho de produção em "El premio"
11 - Melhor fime de estreante: "On The Ice" (EUA, 2011), de Andrew Okpeaha MacLean
12 - Melhor filme de temática gay: "Ausente" (Argentina, 2011), de Marco Berger.

14 de fevereiro de 2011

BAFTA 2011: consagração de 'O Discurso do Rei'

A cerimônia de entrega dos prêmios BAFTA (British Academy of Film and Television Arts), aconteceu ontem à noite. O filme "O Discurso do Rei" abiscoitou sete prêmios, entre eles os de melhor filme, ator, para Colin Firth, e ator e atriz coadjuvantes, para Geoffrey Rush e Helena Bonham Carter.
A seguir, a lista dos premiados:
1 - Melhor filme: "O Discurso do Rei" (The King's Speech, Reino Unido/Austrália/EUA, 2010)
2 - Melhor filme britânico: "O Discurso do Rei"
3 - Melhor diretor: David Fincher, por "A Rede Social" (The Social Network, EUA, 2010)
4 - Melhor ator: Colin Firth, por "O Discurso do Rei"
5 - Melhor atriz: Natalie Portman, por "Cisne Negro" (Black Swan, EUA, 2010)
6 - Melhor ator coadjuvante: Geoffrey Rush, por "O Discurso do Rei"
7 - Melhor atriz coadjuvante: Helena Bonham Carter, por "O Discurso do Rei"
8 - Melhor ator revelação: Tom Hardy, por "A Origem" (Inception, EUA/Reino Unido, 2010)
9 - Melhor roteiro original: David Seidler, por "O Discurso do Rei"
10 - Melhor roteiro adaptado: Aaron Sorkin, por "A Rede Social"
11 - Melhor trilha musical: Alexandre Desplat, por "O Discurso do Rei"
12 - Melhor fotografia: Roger Deakins, por "Bravura Indômita" (True Grit, EUA, 2010)
13 - Melhor montagem: Kirk Baxter e Angus Wall, por "A Rede Social"
14 - Melhor desenho de produção: Guy Hendrix Dyas, Larry Dias e Douglas A. Mowat, por "A Origem"
15 - Melhor figurino: Colleen Atwood, por "Alice no País das Maravilhas" (Alice in Wonderland, EUA, 2010)
16 - Melhor maquiagem/penteados: "Alice no País das Maravilhas"
17 - Melhor som: "A Origem"
18 - Melhores efeitos visuais: "A Origem"
19 - Melhor filme em língua não inglesa: "Os Homens Que Não Amavam as Mulheres" (Män som hatar kavinnor, Suécia/ Dinamarca/Alemanha/Noruega, 2009), de Niels Arden Oplev
20 - Melhor filme de animação: "Toy Story 3" (EUA, 2010), de Lee Unkrich
21 - Melhor contribuição britânica: J. K. Rowling e a série Harry Potter.

10 de fevereiro de 2011

Festival de Berlim: carta aberta de Jafar Panahi

O cineasta iraniano Jafar Panahi, que deveria ser o presidente do júri do 61º Festival de Berlim, foi impedido de comparecer por ter sido sentenciado a seis anos de prisão e proibido por 20 anos de realizar filmes e de sair de seu país. A sua ausência foi marcada por uma cadeira vazia na cerimônia de abertura do festival, que aconteceu hoje.
A triz Isabella Rossellini, presidente do júri, leu na ocasião a carta aberta que Panahi enviou à direção do festival. A carta foi escrita em farsi, a língua do cineasta, mas conseguimos no saite do festival (aqui) a versão em inglês (lida por Isabella), e a traduzimos para os leitores do blogue.

CARTA ABERTA DE JAFAR PANAHI

"O mundo de um cineasta é marcado pela interação entre realidade e sonhos. O cineasta usa a realidade como inspiração, pinta-a com a cor da sua imaginação e cria um filme que é a projeção de suas esperanças e sonhos.

"A realidade é que estive impedido de fazer filmes nos últimos cinco anos e agora, por condenação oficial, estou privado desse direito por mais vinte anos. Mas eu sei que vou continuar transformando meus sonhos em filmes na minha imaginação. Admito, como cineasta socialmente consciente, que não poderei retratar os problemas e as preocupações do meu povo, mas não deixarei de imaginar que daqui a vinte anos todos os problemas terão desaparecido e eu farei filmes sobre a paz e a prosperidade do meu país, tão logo eu tenha de novo a oportunidade de fazê-lo.

"A realidade é que me privaram de pensar e de escrever por vinte anos, mas não podem me impedir de imaginar que os vinte anos de inquisição e intimidação serão substituídos pela liberdade e pelo livre-pensamento.

"Privaram-me de ver o mundo por vinte anos. Espero que, quando estiver livre, eu possa viajar em um mundo sem barreiras geográficas, étnicas e ideológicas, onde as pessoas convivam livre e pacificamente, independentemente de suas crenças e convicções.

"Condenaram-me a vinte anos de silêncio. No entanto, nos meus sonhos, eu grito por um tempo em que possamos nos tolerar mutuamente, respeitar a opinião de cada um e viver uns para os outros.

"Em última análise, a realidade do meu veredicto é que terei de passar seis anos no cárcere. Vou viver os próximos seis anos esperando que meus sonhos se tornem realidade. Faço votos de que meus colegas cineastas em todos os cantos do mundo realizem filmes tão bons que, quando sair da prisão, eu seja inspirado a seguir vivendo no mundo que tenham sonhado em seus filmes.

"Doravante, e pelos próximos vinte anos, sou obrigado a ficar em silêncio. Estou impedido de ver, impedido de pensar, impedido de fazer filmes.

"Eu me submeto à realidade do cárcere e dos capturadores. [Mas] buscarei a manifestação de meus sonhos em seus filmes, na esperança de encontrar neles tudo de que fui destituído."

A seguir, o texto original:

OPEN LETTER JAFAR PANAHI

The world of a filmmaker is marked by the interplay between reality and dreams. The filmmaker uses reality as his inspiration, paints it with the color of his imagination, and creates a film that is a projection of his hopes and dreams.

The reality is I have been kept from making films for the past five years and am now officially sentenced to be deprived of this right for another twenty years. But I know I will keep on turning my dreams into films in my imagination. I admit as a socially conscious filmmaker that I won’t be able to portray the daily problems and concerns of my people, but I won’t deny myself dreaming that after twenty years all the problems will be gone and I’ll be making films about the peace and prosperity in my country when I get a chance to do so again.

The reality is they have deprived me of thinking and writing for twenty years, but they can not keep me from dreaming that in twenty years inquisition and intimidation will be replaced by freedom and free thinking.

They have deprived me of seeing the world for twenty years. I hope that when I am free, I will be able to travel in a world without any geographic, ethnic, and ideological barriers, where people live together freely and peacefully regardless of their beliefs and convictions.

They have condemned me to twenty years of silence. Yet in my dreams, I scream for a time when we can tolerate each other, respect each other’s opinions, and live for each other.

Ultimately, the reality of my verdict is that I must spend six years in jail. I’ll live for the next six years hoping that my dreams will become reality. I wish my fellow filmmakers in every corner of the world would create such great films that by the time I leave the prison I will be inspired to continue to live in the world they have dreamed of in their films.

So from now on, and for the next twenty years, I’m forced to be silent. I’m forced not to be able to see, I’m forced not to be able to think, I’m forced not to be able to make films.

I submit to the reality of the captivity and the captors. I will look for the manifestation of my dreams in your films, hoping to find in them what I have been deprived of.

9 de fevereiro de 2011

Lapa, Paraná: criação do Cineclube 13 de Junho

Conforme foi noticiado por este blogue, no dia 29 de janeiro inaugurou-se na cidade da Lapa (PR) o Cineclube 13 de Junho, em cerimônia no Cine Teatro Imperial, com a presença do Prof. Emmanuel Appel, da Faculdade de Filosofia da Universidade Federal do Paraná, que proferiu a palestra "Caminhos do cineclubismo: cinema, cultura e formação do público".
Da ata de fundação do cineclube, divulgamos a seguir o trecho em que se registrou a participação do ilustríssimo Prof. Appel no evento:

"Devolvida a palavra ao Prof. Appel, os presentes acompanharam sua incursão por alguns momentos decisivos do cineclubismo brasileiro e curitibano (neste, detendo-se no Cineclube Pró-Arte do Colégio Santa Maria, do qual foi presidente por um período em meados dos anos 1960). Para mostrar a influência do cineclube na constituição do melhor cinema nacional, o palestrante lembrou a polêmica Vinícius de Moraes versus Carmen Santos, na qual o poeta,-- que fazia crítica de cinema no jornal carioca A Manhã nos primeiros anos da década de 1940 --, diz para a atriz e empresária-produtora Carmen Santos, de origem portuguesa, e que havia interrompido um debate que ocorria num "clube de cinema" sobre o expressionismo alemão afirmando que “o problema fundamental do cinema brasileiro era o dinheiro --, que "não se faz cinema só com dinheiro nem somente com dois ou três valores de direção mas sobretudo com um público consciente, amigo da arte”, arrematando Vinicius que “ isso se atinge por meio do interesse cinematográfico que vive à base do presente debate". Após mostrar a centralidade da cultura cinematográfica na sobrevivência e na continuidade da arte do cinema, do cinema como processo civilizatório, concluindo que “não há cinema sem cultura cinematográfica, não há cinema quando se fazem filmes e não se fala dos filmes, não há cinema quando autor e obra não encontram o seu público”, o Prof. Appel direcionou sua exposição para dois importantes documentos: a Carta de Curitiba, tirada em fevereiro de 1974 quando da realização no Teatro do Paiol da VIII Jornada Nacional de Cineclubes Brasileiros; e a Carta da Lapa, acima citada. Na de Curitiba há um claro posicionamento em favor do cinema nacional e do projeto cultural brasileiro. Na da Lapa, sublinha-se -- junto com oportunas considerações sobre formação técnico-profissional, sobre pesquisa e preservação cinematográfica, sobre filmes de época --, a relação entre cinema e educação e a necessidade de aproximar os cineclubes existentes, inclusive com propostas de políticas públicas, bem como de organizar novos cineclubes em todos os espaços possíveis: escolas, universidades, associações, institutos, bibliotecas, museus, sindicatos, clubes, dentre outros, visando contribuir de forma duradoura com a formação do público, de público para o cinema nacional, de quadros que possam fazer crítica de cinema, um exercício que não se pode considerar menos importante que fazer cinema. Em seguida, sugeriu que o Cineclube 13 de Junho oportunamente retomasse sua leitura e até assumisse a Carta da Lapa como seu documento-bandeira. Sugeriu ainda, considerando a reafirmação do Conselho Nacional de Cineclubes Brasileiros, recentemente renovado, de priorizar o seminário "Cinema, Cineclubismo e Educação", que batalhasse pela presença da arte cinematográfica nas escolas da Lapa, fazendo sua a aposta na vocação original do cinema de ser arte democrática e popular."

6 de fevereiro de 2011

Hollywood: os eleitos pelo sindicato de roteiristas

Aconteceu na noite passada a entraga dos prêmios da Writers Guild of America (o sindicato de roteiristas de Hollywood) e os premiados foram:
1 - Melhor roteiro original: Christopher Nolan, por "A Origem" (Inception, 2010)
2 - Melhor roteiro adaptado: Aaron Sorkin, por "A Rede Social" (The Social Network, 2010).
Com esse prêmios, ambos os filmes se tornaram favoritos para o Oscar da categoria, embora não se possa descartar a possibilidade de haver alguma surpresa.

4 de fevereiro de 2011

ISABELLA (1938-2011), atriz

A atriz brasileira Isabella morreu no dia 3 de fevereiro, aos 72 anos. Isabella atuou em dois filmes dirigidos por seu então marido, Paulo Cesar Saraceni, "O Desafio" (1965) e "Capitu" (1968), no qual interpretou o papel-título.
De uma filmografia de pouco mais de dez longas-metragens, destacam-se ainda "Proezas de Satanás na Vila do Leva-e-Traz" (1967), "O Bravo Guerreiro" (1969), "Lúcia McCartney, Uma Garota de Programa" (1971) e "A Lira do Delírio" (1978).
Isabella Cerqueira Campos nasceu em 27 de julho de 1938, em Mundo Novo, Bahia.

3 de fevereiro de 2011

MARIA SCHNEIDER (1952-2011), atriz

Morreu hoje em Paris, de câncer, a atriz Maria Schneider, aos 58 anos.
Aos 20 anos, Schneider estrelou, ao lado de Marlon Branddo, o filme "O Último Tango em Paris" (Ultimo tango a Parigi, 1972), que provocou controvérsias por conta da famosa cena da manteiga. Por isso o filme foi proibido no Brasil durante vários anos.
Atribui-se a essa cena o fato de a atriz não ter tido uma carreira melhor sucedida. Ela mesma acreditava que a tal cena teria feito com que fosse vista menos como atriz e mais como símbolo sexual. Também andou fazendo declarações contra o diretor Bernardo Bertolucci, que teria se aproveitado de sua pouca idade e, por meios manipulatórios, conseguido com que ela fizesse o que ele queria.
No entanto, ela atuou depois com grandes diretores como Michelangelo Antonioni, em "Profissão: Repórter" (Professione: reporter, 1975), Marco Bellocchio, em "O Processo do Desejo" (La condanna, 1991), Franco Zeffirelli, em "Jane Eyre - Encontro com o Amor" (Jane Eyre, 1996), além de René Clément, Werner Schroeter, Jacques Rivette e Luigi Comencini.
Contra ela existe o fato de que Luis Buñuel a dispensou quando as filmagens de "Esse Obscuro Objeto do Desejo" (1977) estavam em andamento e a substituiu por duas atrizes, Ángela Molina e Carole Bouquet. Não se pode também esquecer o seu envolvimento com drogas no meado dos anos 1970, o que chegou a motivar a sua internação.
Apesar de tudo, a imagem dela que fica pra mim só tem a ver com a sua beleza e doçura.
Em 1973, o cinema italiano lhe deu um prêmio David di Donatello especial pela atuação em "Caros Pais" (Cari genitori, 1973) e "Último Tango em Paris".
Nasceu Marie Christine Gélin em 27 de março de 1952, em Paris. Era filha do ator francês Daniel Gélin (1921-2002).

1 de fevereiro de 2011

'Além da Vida', filme de Clint Eastwood

Quando se sabe que o mais recente filme de Clint Eastwood tem o título “Além da Vida” (Hereafter, 2010), pensa-se logo que o veterano cineasta, hoje com 80 anos, já se preocupa com a morte, pressentindo sua proximidade. No entanto, assistindo-se ao filme, descobre-se que o seu verdadeiro interesse se restringe aos vivos. A morte é só um MacGuffin (termo criado por Alfred Hitchcock para designar o elemento que mobiliza as personagens e dá origem aos episódios em que se desdobra a trama).

O roteiro do filme articula as histórias de três personagens que vivem em países diferentes, bem ao gosto do cinema atual: uma jornalista francesa, um vidente americano e um garoto inglês. Todos têm alguma relação com a morte, mas enfrentam suas dificuldades individuais até o momento climático do filme, quando seus destinos se cruzam.

A jornalista, interpretada por Cécile De France, escapa da morte em um tsunami na Tailândia e fica obcecada com o outro mundo. Desde então sua vida, profissional e pessoalmente, começa a se complicar. É afastada do trabalho na televisão, perde o namorado e, em vez do livro que lhe encomendaram sobre o ex-presidente François Mitterrand, resolve escrever sobre experiências do além-túmulo.

O vidente, encarnado por Matt Damon (foto), acredita que o dom que tem de captar mensagens de pessoas mortas não passa de uma maldição. Por isso, recusa-se a continuar seu trabalho como vidente e arranja emprego no porto de São Francisco. Em busca de novos vínculos com a vida, ele resolve tomar aulas noturnas de culinária italiana. Mas não demora e as coisas se complicam para o seu lado. Primeiro, a moça que se tornou sua parceira no curso de culinária desaparece assim que ele, em comunicação mediúnica, revela fatos do passado dela que ela preferia manter no esquecimento; depois, em consequência da crise econômica, ele é demitido do emprego.

O garoto inglês, vivido pelos gêmeos George e Frankie McLaren, perde em acidente o irmão gêmeo, sua mais importante referência familiar, já que a mãe é uma alcoólatra às voltas com o serviço social. Desde então, ele se preocupa apenas em estabelecer contato com a alma do irmão. Nas suas aventuras, porém, ele só encontra falsos videntes.

Os destinos das três personagens convergem para uma feira de livros em Londres, que acontece significativamente na primavera. O vidente, em busca de saber mais sobre Charles Dickens, escritor que sempre admirou, descobre que o ator Derek Jacobi estará na feira lendo trechos de um livro do escritor. A escritora francesa, que está na feira autografando seu livro sobre experiências além-túmulo, também atrai a sua atenção, naturalmente. O garoto, que ficou conhecendo o vidente por meio de pesquisa na internet, coincidentemente é levado à feira pelos representantes da instituição que o adotou até que sua mãe consiga ficar sóbria.

O vidente é portador de solução para os problemas de um e da outra. Após insistir muito, o garoto consegue sensibilizá-lo a estabelecer contato com a alma de seu irmão. Feito o contato mediúnico, a mensagem consoladora contém estímulos para o garoto tocar a vida adiante. A escritora, por sua vez, certamente se dará por realizada unindo-se a alguém capaz de fazer contato com o outro mundo. Assim, a vida de cada um deles atingirá novo equilíbrio.

Para obter-se um visual compatível com o assunto que move as personagens, evitou-se o emprego de cores vivas no filme. Tanto nos figurinos quanto na cenografia predominam as cores neutras e tons pastel. Somente no final, quando a escritora e o vidente se descobrem como almas gêmeas, o ambiente em que se encontram adquire colorido mais cálido.

O próprio Eastwood compôs a delicada e expressiva trilha musical que embala o filme (com inserções de trechos de óperas e do Concerto nº 2 para piano e orquestra de Sergei Rachmaninoff). Aqui, destaca-se um piano; ali, um violão; acolá, outro instrumento. Na cena em que a escritora lê o bilhete que o vidente enfiou debaixo da sua porta, o piano e o violão travam um diálogo que é um primor de entendimento entre duas almas. E quando o vidente e a escritora entram em sintonia romântica, toda uma orquestra surge para exprimir o turbilhão de sentimentos que envolvem as duas vidas. Simultaneamente, a câmera se eleva como que para conectar a união dos dois com algo superior.

Com simplicidade e elegância, Clint Eastwood acompanha o trajeto das personagens interligadas pela morte, mas não deixa a mínima dúvida de que só se interessa pela vida. “Uma vida centrada na morte não é vida de modo algum”, pensa o vidente. Sendo a comunicação entre os vivos a preocupação primordial do filme, a câmera realça sempre os contatos físicos, os toques de mãos. O além, conclui-se, é problema dos que se foram.
(Publicado no Jornal Opção e no saite Revista Bula.)

NILDO PARENTE (1934-2011), ator

O ator brasileiro Nildo Parente morreu no dia 31 de janeiro no Rio, de acidente vascular cerebral, aos 76 anos.
Nildo era um ator coajuvante capaz de tornar importante qualquer papel que interpretasse.
Algumas de suas melhores oportunidades foram sob a direção de Nelson Pereira dos Santos, em filmes como "Azyllo Muito Louco" (1970), "Tenda dos Milagres" (1977) e "Memórias do Cárcere" (1984).
Da sua extensa filmografia destacam-se ainda "Tempo de Violência" (1969), "Coronel Delmiro Gouveia" (1978), "Cabaret Mineiro" (1980), "Gabriela, Cravo e Canela" (1983), "O Beijo da Mulher Aranha" (1985) e "Cleópatra" (2007).
Nildo Gomes Parente nasceu em 18 de setembro de 1934, em Fortaleza, Ceará.