19 de outubro de 2011

NORMAN CORWIN (1910-2011), roteirista

O escritor, dramaturgo e roteirista americano Norman Corwin morreu de causas naturais, no dia 18 de outubro, aos 101 anos.
Corwin escreveu para o cinema de 1943 a 1965, quando passou de vez para a TV. Mas sempre foi, acima de tudo, um escritor para o rádio, ao qual esteve ligado por toda a sua vida.
Seu melhor trabalho no cinema foi o roteiro de "Sede de Viver" (Lust for Life, 1956), cinebiografia do pintor Vincent van Gogh, interpretado por Kirk Douglas; escreveu também os roteiros de "Ainda Há Sol em Minha Vida" (The Blue Veil, 1951), "A História de Ruth" (The Story of Ruth, 1960) e "Os Propagandistas" (Madison Avenue, 1962), além de ter tido participação nos roteiros de alguns outros filmes.
Em 1993 ele entrou para o Hall da Fama do Rádio.
O documentário de curta-metragem "A Note of Triumph: The Golden Age of Norman Corwin" (2005), sobre seu trabalho no rádio durante a Segunda Guerra Mundial, foi premiado com o Oscar.
Norman Lewis Corwin nasceu em 3 de maio de 1910, em Boston, Massachusetts. Deixou um filho e uma filha.

Festival do Rio 2011 premia remake de um clássico

A Première Brasil do Festival do Rio, encerrada em 18 de outubro, elegeu como melhor filme, tanto pela escolha do júri quanto do público, o filme "A Hora e a Vez de Augusto Matraga", remake do clássico de Roberto Santos.
A seguir, a lista dos premiados na categoria longa-metragem:
1 - Melhor filme (júri e público): "A Hora e a Vez de Augusto Matraga", de Vinicius Coimbra
2 - Melhor diretor: Karim Aïnous, por "Abismo Prateado"
3 - Melhor atriz: Camila Pitanga, por "Eu Receberia as Piores Notícias de Seus Lindos Lábios"
4 - Melhor ator: João Miguel, por "A Hora e a Vez de Augusto Matraga"
5 - Melhor atriz coadjuvante: Maria Luísa Mendonça, por "Amanhã Nunca Mais"
6 - Melhor ator coadjuvante: José Wilker, por "A Hora e a Vez de Augusto Matraga"
7 - Melhor roteiro: Odilon Rocha, por "A Novela das 8"
8 - Melhor montagem: Jordana Berg, por "Marcelo Yuka no Caminho das Setas"
9 - Melhor fotografia: Mauro Pinheiro Jr., por "Sudoeste", e Petrus Cariry, por "Mãe e Filha"
10 - Melhor documentário (júri e público): "As Canções", de Eduardo Coutinho
11 - Prêmio especial do júri (filme): "Sudoeste", de Eduardo Nunes, e "Olhe para Mim de Novo", de Kiko Goifman e Claudia Priscilla
12 - Prêmio especial do júrio: Chico Anysio, ator
13 - Prêmio Fipresci: "Sudoeste"
14 - Menção honrosa: "Mãe e Filha", de Petrus Cariry.

14 de outubro de 2011

LEON CAKOFF (1948-2011), crítico de cinema

O crítico Leon Cakoff, fundador da Mostra Internacional de Cinema de São Paulo, evento que todo ano traz ao Brasil o melhor do cinema mundial, faleceu hoje de câncer, aos 63 anos.

Em 1969 Cakoff começou sua carreira como crítico de cinema, e em 1974 passou a dirigir o departamento de cinema do MASP - Museu de Arte de São Paulo. Em 1977, ele organizou a primeira edição da Mostra Internacional de Cinema, que este ano atingiu a marca da 35ª edição.

Nascido Leon Chadarevian, em 12 de junho de 1948, em Aleppo, Síria, chegou ao Brasil com oito anos e se formou em São Paulo na Escola de Sociologia e Política. Adotou o pseudônimo devido a um incidente durante a ditadura. Ele também atuou como diretor, produtor e distribuidor. Era casado com Renata de Almeida, com quem teve dois filhos. Tinha outros dois filhos de um casamento anterior.

Em nota, a Associação Brasileira de Críticos de Cinema afirmou o seguinte: "O cinema internacional e brasileiro perdeu hoje um de seus mais ativos difusores. Muitos dos críticos que hoje atuam optaram por este ofício e ampliaram seu amor pelo cinema assistindo aos filmes programados por Leon Cakoff. Cakoff lutou como poucos pelo que lutamos todos nós: para que a diversidade da cinematografia mundial tenha oportunidade de exibição e não seja engolfada pelo cinema mainstream. Tudo faremos para contribuir com a continuidade do seu importante legado cultural".

ALBERTO SALVÁ (1938-2011), diretor

O cineasta brasileiro Alberto Salvá morreu no dia 13 de outubro, de câncer no fígado, aos 73 anos.
Nos anos 1970, além de atuar como fotógrafo, montador e roteirista de pornochanchadas, também chegou adirigir um exemplar do gênero, "Os Maníacos Eróticos" (1975).
Mas os temas de seus melhores filmes são os problemas de relacionamento, seja na forma de comédia, em "A Cama ao Alcance de Todos" (1969), seja de drama, em "Inquietações de uma Mulher Casada" (1979).
Ele experimentou também o gênero infantil, em "As Quatro Chaves Mágicas" (1971), e o relato autobiográfico, em "Um Homem sem Importância" (1971).
Alberto José Bernardo Salvá Contel nasceu em 13 de abril de 1938, em Barcelona, Espanha, e veio para o Brasil quando adolescente, tendo se naturalizado brasileiro em 1961.

11 de outubro de 2011

Produtoras brasileiras se unem para criar novo modelo de distribuição de filmes

Sócios-fundadores de sete produtoras de renome no Brasil se reuniram para criar um novo modelo de distribuição de filmes no país. O lançamento da mais nova companhia NOSSA Distribuidora criada pela união de empresas como Conspiração Filmes, Lereby, Mobz, Morena Filmes, O2 Filmes, Vinny Filmes e Zazen Produções, quer facilitar a distribuição do cinema no Brasil e também promover o cinema brasileiro.

Entre os filmes das sete produtoras, estão alguns recordes de bilheteria do cinema nacional, como "Tropa de Elite", "Dois Filhos de Francisco", "Se eu Fosse Você", "De Pernas pro Ar” e "Cidade de Deus". “Não queremos ser melhor do que ninguém, queremos ser uma distribuidora que vai se inserir nesse bom momento que vive o cinema brasileiro e nesse ótimo momento que vive o Brasil, dentro desse modelo inovador”, explicou Marco Aurélio Marcondes, da FL&MAM Participações, na tarde desta terça-feira (11), no lançamento da NOSSA Distribuidora no Rio Market, o salão de negócios do Festival de Cinema do Rio.

Segundo os fundadores da NOSSA Distribuidora, é possível reduzir os custos de transação incorridos pelos detentores dos direitos patrimoniais na comercialização de seus filmes no mercado nacional, assim como também colaborar para o aumento da competitividade do filme brasileiro e das empresas nacionais. Quem explica como funciona este novo modelo ambicioso de distribuição de filmes no Brasil é José Padilha da Zazen: “A gente está considerando a distribuição como um serviço. A NOSSA Distribuidora não vai investir recursos P&A (Prints and Advertising), vai fazer o planejamento de marketing para lançar os filmes e vai fazer toda a operação de distribuição, cobrança dos exibidores e o dinheiro vai direto para a conta do produtor. Agora o produtor vai ter que comparar o potencial do filme se gera lucro e quanto o filme custa para calcular se vale a pena fazer esse filme ou não”.

O cálculo de receita média líquida de um produtor depois de pagar o imposto é cerca de cinco reais vezes o número de ingressos vendidos no cinema. “Se o cara vende um filme de 2 milhões de ingressos, o produtor vai ter um lucro de 10 milhões de reais”, exemplifica Padilha.

Produtor pode sair ganhando

Segundo o sócio fundador da Zazen, o produtor terá que saber qual vai ser a performance econômica do seu filme. “Existe a possibilidade dele ganhar ou perder dinheiro. Antes, era muito difícil ganhar no Brasil como produtor no modelo anterior que ainda continua existindo, no qual o distribuidor cobra uma taxa de distribuição. Nesse novo modelo o produtor vai tomar riscos para fazer o seu filme”.

A conta é simples, explica Padilha: se o filme fizer sucesso, o produtor pode ganhar dinheiro, assim como as pessoas que investiram. “O produtor, então, tem um ‘downside’, uma chance de perder dinheiro, e um ‘upside’, uma chance de ganhar dinheiro se fizer bons filmes. Antes ele não tinha chance de ganhar”, argumentou. A ideia toda, segundo os sócios-fundadores da NOSSA Distribuidora, é construir um modelo alternativo a partir de uma estrutura econômica diferente.

“A NOSSA vai distribuir os filmes sem cobrar taxas de distribuição e sem cobrar o copyright do diretor. O produtor vai correr risco, vai ter mais receita, ter mais controle de distribuição e vai ter o copyright do filme. Essas três condições apontam para uma sustentabilidade do cinema brasileiro. A nossa ideia é valorizar a produção de conteúdo”, ressaltou Padilha ao destacar que esta já tem sido uma realidade nos Estados Unidos.

Novidade e um novo modelo de negócio

A produtora de cinema Mariza Leão, que está à frente da Morena Filmes, em sociedade com o cineasta Sérgio Rezende, tendo sido a primeira diretora-presidente da distribuidora Riofilme em 1992, esclareceu que a NOSSA não foi criada exclusivamente para distribuir os filmes produzidos pelas empresas produtoras sócias. “Não há exclusividade, vamos buscar filmes de diretores e produtores não associados a ela. Da mesma maneira que temos poder de escolha para trabalharmos com outras distribuidoras. É um processo aberto e dinâmico, seremos capazes de competir e injetar nesse mercado novidades e novos modelos de negócio”, destacou Leão. Para a produtora, a equipe da mais nova distribuidora brasileira está animada em poder usar “a nosso favor a NOSSA Distribuidora e legar ao cinema brasileiro um modelo que seja compatível com o momento do mercado”.

A NOSSA já dá início com uma carteira de 50 filmes, destes 20 são nacionais. O primeiro anunciado, nesta tarde, será “Paraísos Artificiais” de Marcos Prado e produção de José Padilha. “Nós só vamos anunciar a carteira de filmes em reunião para os exibidores. Temos 20 filmes nacionais já garantidos e estamos recebendo uma série de propostas de filmes estrangeiros que querem distribuir no Brasil com a nossa prestação de serviços”, disse Padilha.

Já Marco Aurélio Marcondes destaca que a nova distribuidora apenas “sistematiza algo que o mercado já pratica”. “Acreditamos que este é um momento que o Brasil não é mais o país do futuro, o Brasil é o futuro, e é este presente que queremos vivê-lo intensamente. É um momento que tem que saber surfar com muita coragem, desprendimento, ousadia e atitude. A NOSSA não quer abafar ninguém, a gente só quer mostrar que sabe fazer samba também”, brincou Marcondes parafraseando Noel Rosa. Para ele, esse novo modelo vai ser melhor para o cinema no país e para o cinema brasileiro, em particular. Essa, pelo menos, é a “NOSSA aposta”.

QUEM É QUEM NA NOSSA

Conspiração Filmes: Fundada em 1991 por Claudio Torres, José Henrique Fonseca, Arthur Fontes, Andrucha Waddington e Lula Buarque. Já produziu 22 filmes desde 1997: “Dois filhos de Francisco” (2005, 5,3 milhões de espectadores), “A Mulher Invisível” (2009, 2,4 milhões de espectadores), “Eu Tu Eles (2000, exibido no Festival de Cannes e indicado como representante brasileiro no Oscar 2001). A primeira coprodução internacionai da Conspiração com a Espanha foi “Lope” (2010), com um orçamento de 12 milhões de euros e recebeu sete indicações para o Prêmio Goya 2011.

Lereby: Fundado por Daniel Filho a partir de 1998. Seus filmes produzidos, coproduzidos e dirigidos já tiveram um alcance de 45 milhões de espectadores. Como “Chico Xavier” (2010) de Daniel Filho; “Carandiru” (2003) de Hector Babenco; “Cazuza” (2004) de Sandra Werneck e Walter Carvalho; “Divã” (2009) de José Alvarenga Jr.; e “Se eu Fosse Você” (2006) de Daniel Filho.

Morena Filmes: De Mariza Leão em associação com o diretor Sergio Rezende em 1975. Seus últimos filmes de grandes bilheterias: “De Pernas pro Ar” (2010), de Roberto Santucci com 3,9 milhões de espectadores, e “Meu Nome não é Johnny” (2007), de Mauro Lima com 2,2 milhões de espectadores.

O2 Filmes: A produtora completa em 2011 20 anos e tem mais de 18 longas produzidos e coproduzidos entre ficção e documentários. Entre os projetos da produtora há coproduções com Uruguai, Espanha, Canadá, Japão, Reino Unido, Áustria, França e Portugal. “Ensaio Sobre a Cegueira” (2008) de Fernando Meirelles, e “O Jardineiro Fiel” (2005), “Cidade de Deus” (2002).

Zazen Produções: Fundada em 1997 pelos cineastas José Padilha e Marcos Prado. A Zazen já produziu e distribuiu de forma independente o filme “Tropa de Elite, o Inimigo agora é Outro” (2010), o maior recorde de bilheteria da história brasileira com 11 milhões de espectadores.

Vinny Filmes: distribuidora de Wilson Feitosa, distribuidor e sócio da Europa Filmes, diretor da União Brasileira de Vídeo e membro do Conselho Superior de Cinema do Ministério da Cultura. Investiu em produções como: “Pequeno Dicionário Amoroso”, de Sandra Werneck; “Menino Maluquinho 2 – A Aventura”, de Fernando Meirelles e Fabrizia Pinto Alves; “Central do Brasil”, de Walter Salles; “Olga”, de Jayme Monjardim; e “Lula – O Filho do Brasil”, de Fábio Barreto. A Vinny Filmes foi fundada em 2011 e atualmente é comandada pelo filho Vinicius Feitosa. Foi responsável pelo lançamento em home vídeo de “Tropa de Elite 2”, recorde de venda com 200 mil unidades vendidas em DVD e Blue Ray.

FL&MAM Participações: Fundada pelo veterano distribuidor Marco Aurélio Marcondes, que já foi chefe da divisão de 16mm na Embrafilme, juntou-se a Luiz Carlos Barreto para fundar uma agência de publicidade e promoção, cofundou a Cinema Brasil com Jorge Peregrino (atual diretor da Paramount America Latina). Em 2002, formou um consórcio com Wilson Feitosa para lançar títulos como “o SEGREDO DE Brokeback Mountain”, “Casamento Grego”, “O Pianista”, “O Filho da Noiva”, “A Viagem de Chihiro”, entre outros. Em 2008, Marcondes fundou a MovieMobz com Fabio Lima e, em 2010, foi responsável pela coordenação do lançamento indepentende pela Zazen de “Tropa de Elite – O Inimigo agora é Outro”.

Hollywood lança plataforma de conteúdo digital UltraViolet

No dia 11 de outubro, o filme "Quero Matar Meu Chefe" (Horrible Bosses, 2011) foi lançado em DVD e Blu-ray, e ainda inaugurou a plataforma UltraViolet, um sistema criado por grandes estúdios de Hollywood para modernizar a venda de filmes e séries de TV para o consumidor final.

A Fox, a Paramount, a Columbia/Sony, a Universal e a Warner Bros. uniram forças para resistir à crescente perda de bilheteria por conta do consumo doméstico de filmes, dando um chega-pra-lá na pirataria com a comercialização de direitos sobre conteúdos audiovisuais.

Os compradores de produtos com o selo UltraViolet adquirem licenças que lhes permitem assistir a filmes hospedados na nuvem e acessíveis mediante dispositivos conectados à internet.

O objetivo da plataforma UltraViolet é oferecer ao usuário a possibilidade de comprar e ver o conteúdo diretamente da internet. E permite que até seis pessoas associem suas contas, compartilhando conteúdo de maneira legal.

Após a criação de uma conta, o usuário obtém autorização de download dos filmes para diversos suportes, assim como a gravação de cópias em DVD ou cartão de memória, sem custo adicional, embora com limitação de 12 dispositivos diferentes.

A Disney está desenvolvendo seu próprio sistema de distribuição de conteúdos digitais, denominado Keychest.

8 de outubro de 2011

Objetos usados em filmes por John Wayne foram vendidos por 5,3 milhões de dólares

Em um leilão realizada em Los Angeles, foram vendidos mais de 700 roupas e objetos que pertenceram ao ator americano John Wayne, morto em 1979. O total arrecadado foi de 5,3 milhões de dólares.

O objeto que atingiu o valor mais alto foi a boina que o ator usou no filme "Os Boinas Verdes" (The Green Berets, 1968), que foi vendida por 179.250 dólares.

A empresa Heritage Auctions, que realizou o leilão, disse que o valor da boina estabeleceu um novo recorde para chapéus usados no cinema.

O chapéu usado pelo ator nos filmes de faroeste "Jake Grandão" (Big Jake, 1971), "Os Cowboys" (The Cowboys, 1972) e "Os Chacais do Oeste" (The Train Robbers, 1973) foi vendido por 119.500 dólares.

O tapa-olho que ele usou no filme "Bravura Indômita" (True Grit, 1969) foi vendido por 47.800 dólares; o Globo de Ouro que ganhou por seu papel neste filme atingiu 143.400 dólares, e sua carteira de motorista saiu por 89.625 dólares.

Os objetos pertenciam à família do ator e parte do dinheiro obtido será destinado à John Wayne Cancer Foundation, voltada para a pesquisa e o tratamento contra o câncer.

7 de outubro de 2011

DIANE CILENTO (1933-2011), atriz

A atriz australiana Diane Cilento morreu no dia 6 de outubro, na Austrália, aos 78 anos. A causa da morte não foi divulgada.
Sua carreira cinematográfica, que começou em 1951 e se encerrou em 1985, aconteceu principalmente no cinema britânico. Na década de 1980, ela atuou apenas no cinema australiano, com participação em dois filmes.
Seus filmes mais importantes são "A Tortura da Suspeita" (The Naked Edge, Reino Unido/EUA, 1961), "As Aventuras de Tom Jones" (Tom Jones, Reino Unido, 1963), "Agonia e Êxtase" (The Agony and the Ecstasy, EUA/Itália, 1965), "Hombre" (Idem, EUA, 1967) e "O Homem de Palha" (The Wicker Man, Reino Unido, 1973).
Ela atuou também como dublê nadadora no filme "Com 007 Só Se Vive Duas Vezes" (You Only Live Twice, 1967), no qual James Bond era interpretado por Sean Connery, que era então seu marido.
Diane Cilento nasceu em 5 de outubro de 1933, em Brisbane, Austrália. Foi casada em segundas núpcias com o ator Sean Connery, com quem teve um filho, o ator Jason Connery. Tinha uma filha do primeiro casamento e era viúva do terceiro marido, o dramaturgo e roteirista Anthony Shaffer (1926-2001).

3 de outubro de 2011

Festival de Brasília premia 'Hoje'

O 44º Festival de Brasília do Cinema Brasileiro, encerrado esta noite, premiou "Hoje", de Tata Amaral, como o melhor filme. O filme levou ainda os troféus de melhor atriz, roteiro, fotografia e direção de arte, além do prêmio da crítica.
A seguir, a relação dos longas-metragens premiados:
1 - Melhor filme (júri oficial): "Hoje", de Tata Amaral
2 - Melhor filme (júri popular): "Meu País", de André Ristum
3 - Melhor diretor: André Ristum, por "Meu País"
4 - Melhor ator: Rodrigo Santoro, por "Meu País"
5 - Melhor atriz: Denise Fraga, por "Hoje"
6 - Melhor ator coadjuvante: Ramon Vane, por "O Homem que Não Dormia"
7 - Melhor atriz coadjuvante: Gilda Nomacce, por "Trabalhar Cansa"
8 - Melhor roteiro: Jean-Claude Bernadet, Rubens Rewald e Felipe Sholl, por "Hoje"
9 - Melhor fotografia: Jacob Solitrenick, por "Hoje"
10 - Melhor direção de arte: Vera Hamburguer, por "Hoje"
11 - Melhor trilha musical: Patrick de Jongh, por "Meu País"
12 - Melhor som: Mahajugi Kuikuro, Munai Kuikuro e Takumã Kuikuro, por "As Hiper Mulheres"
13 - Melhor montagem: Paulo Sacramento, por "Meu País"
14 - Prêmio da Crítica: “Hoje”.

1 de outubro de 2011

'Os malefícios da dublagem', por Pablo Villaça

Quem vai ao cinema já notou o significativo aumento do número de cópias dubladas dos filmes. Pelo prejuízo que a dublagem acarreta à fruição estética de um filme, a novidade vem causando profundo desagrado nos amantes da sétima arte. Eu mesmo me recuso a ver filmes dublados. Deixei de ver "Planeta dos Macacos: A Origem", por exemplo, porque as poucas cópias com som original e legendadas só estavam passando nos cinemas que frequento em sessões noturnas, quando não vou ao cinema. Mas logo, logo o filme estará no mercado em DVD ou Blu-ray e eu poderei vê-lo como me convém.
Por isso, gostei muito do texto "Os malefícios da dublagem", que Pablo Villaça publicou no dia 30 de agosto de 2011, em seu blogue Diário de Bordo. Concordo inteiramente com seus argumentos, embora ele tenha aqui e ali se excedido um pouco na linguagem (ele mesmo o reconheceu e fez o registro de sua reconsideração), coisa que não diminui em nada a força de seus argumentos.
Para conhecimento dos nossos leitores, transcrevemos integralmente o texto de Pablo Villaça, esperando que ele não se sinta prejudicado com o nosso empréstimo. De todo modo, nos comprometemos a deletar esta postagem em caso de reclamação.

"Na última sexta-feira, O Planeta dos Macacos: A Origem chegou aos cinemas brasileiros com um anúncio preocupante feito pela Fox: o filme seria lançado com mais cópias dubladas do que legendadas em nossas salas. Reparem que estamos falando de um longa com classificação indicativa '12 anos' e que, portanto, esta decisão nada tem a ver com o conceito de torná-lo 'acessível' aos espectadores mais jovens. Não, a ideia era atender a um público adulto que rechaça legendas - não por problemas físicos (falarei disto adiante), mas por simples preguiça de ler. Sim, os defensores da dublagem usam argumentos dos mais diversos (que contestarei abaixo), mas, no fundo, a questão é uma só: preferem a comodidade de assistir a um filme que não os obrigue a praticar o que aprenderam na alfabetização. Afinal, se já fugiram das bibliotecas, por que deveriam ser encurralados por letras nas salas de cinema?

"Obviamente que os dublófilos não assumem isto, mas, pessoalmente, jamais encontrei alguém que tivesse o hábito da leitura e reclamasse de legendas. Assim, perceber que são estes espectadores medíocres e preguiçosos que estão sendo levados em consideração pelas distribuidoras, passando a moldar a experiência cinematográfica de todos aqueles que de fato amam esta Arte, é algo que me revolta absurdamente. Especialmente quando observo que, em sua defesa, apresentam os mais estapafúrdios argumentos - e antes de explicar por que a dublagem é nociva aos filmes, irei me deter nas 'defesas' apresentadas por este contingente pró-mutilação.

"1) E quem não sabe ler? Não tem direito de ir ao cinema?

"Além de estúpido, este é um argumento repleto de cinismo, usando a população analfabeta do país como desculpa para defender sua própria preguiça de ler. Aqui a questão é simples: seja por questões culturais, sociais ou simplesmente econômicas (quem não sabe ler geralmente não tem o melhor dos salários), arrisco-me a dizer que menos de 0,01% daqueles que vão às salas de cinema são analfabetos. Justificar a necessidade de dublagem em filmes exibidos nas telonas através do argumento da 'acessibilidade' é uma besteira - e mesmo que um grupo significativo de iletrados tivesse o hábito de conferir os lançamentos da semana, isto não justificaria a desproporcionalidade crescente entre cópias dubladas e legendadas.

"O fato é que pessoas sem educação formal têm acesso aos filmes normalmente pela TV aberta - onde 100% das produções são dubladas. Assim, é justo dizer que esta parcela da população já está sendo mais do que atendida - especialmente considerando que praticamente todos os lançamentos em DVD já vêm com a opção da dublagem (e a palavra-chave aqui é 'opção'). Considerando que estas são as formas economicamente mais acessíveis de se assistir a filmes de todas as épocas, gêneros e países, é incontestável que a população analfabeta (seja este analfabetismo real ou funcional) não está sendo excluída do acesso à Sétima Arte - e eu, como amante do Cinema, jamais defenderia que isto ocorresse.

"2) E os deficientes visuais? Não podem ir ao cinema?

"Claro que podem. Mas, novamente, não creio ser justo que uma minoria absoluta seja responsável por moldar a maneira com que a maioria irá experimentar os filmes. Além disso, há duas questões complexas relacionadas ao tema: em primeiro lugar, há o fato óbvio de que Cinema é uma mídia visual. Há ótimos projetos de áudio-descrição em vigor, mas estes envolvem salas específicas em sessões específicas - exatamente como deveriam ser. Sim, ainda têm pouco alcance, apoio e divulgação, mas a saída não é a dublagem - ao contrário, já que esta não resolve a questão fundamental de explicar ao espectador cego o que está ocorrendo na tela. Neste sentido, aliás, a simples dublagem é um obstáculo para os deficientes visuais, já que as distribuidoras podem alegar que já atendem a esta comunidade através do áudio em português, deixando de investir na produção de trilhas de áudio-descrição.

"Há, também, o fato de que a experiência de ir ao Cinema é única justamente em função do mergulho sensorial oferecido pela sala - e, neste, o mais importante reside justamente no tamanho da tela e da imagem. Ora, para o deficiente visual, este é um fator nulo por definição, o que torna curiosa a insistência daqueles que os usam como desculpa para a dublagem. Por outro lado, os mesmos que defendem ferrenhamente o acesso dos deficientes visuais acabam ignorando sem dó alguma uma outra parcela importante da população: os deficientes auditivos. Na última semana, não por coincidência, recebemos email de uma leitora surda que reclamava justamente da oferta cada vez menor de cópias legendadas que permitiam sua ida às salas de exibição - sendo que, pela própria natureza do Cinema, faz infinitamente mais sentido facilitar o acesso dos deficientes auditivos aos filmes em tela grande do que o dos deficientes visuais. Sim, seria ótimo se todos pudessem ser atendidos - mas, repito, a solução para os deficientes visuais reside não na dublagem, mas na audio-descrição.

"3) Pobrezinhos dos dubladores! Você quer tomar o ganha-pão da categoria? Além disso, temos os melhores dubladores do mundo!

"Jamais questionei a competência de nossos dubladores - ao contrário: em várias ocasiões, afirmei que temos, sim, alguns dos melhores profissionais do ramo. Além disso, em vários textos elogiei os trabalhos de figuras como Guilherme Briggs e Garcia Junior, chegando até mesmo a publicar um texto defendendo a reserva de mercado para os profissionais do ramo, que vêm perdendo papéis para 'celebridades' de maneira vergonhosa. Porém, por mais que reconheça o talento destes profissionais, há algo que, por melhor que sejam, eles jamais conseguirão contornar: o fato de que a dublagem, por natureza, distorce, deforma e prejudica a obra de arte original - especialmente tratando-se de longas envolvendo atores de carne-e-osso (explicarei as razões a seguir).

"Além disso, não se preocupem com os dubladores: o que não falta a eles é trabalho. Séries de tevê, animações (para cinema e televisão) e praticamente todas as produções lançadas em home video contam com suas versões dubladas - e jamais me coloquei contra a opção de que estas trilhas em português façam parte dos discos. Aliás, o que ocorre é justamente o contrário: como um número cada vez maior de projetos vem recebendo versões dubladas, o que ocorre é uma verdadeira enxurrada de trabalhos, obrigando os estúdios de dublagem a se desdobrarem para atender a demanda - o que resulta em uma qualidade cada vez mais duvidosa das trilhas em português.

"Aliás, aproveito para reafirmar o cinismo daqueles que defendem a dublagem usando a desculpa do 'mercado de trabalho dos dubladores': por que não se manifestam com relação aos salários dos professores? Ou dos médicos da rede pública? Ou dos garis? Vocês realmente acham que convencem alguém com este falso altruísmo? Menos hipocrisia, por favor.

"4) As legendas 'atrapalham' o filme.

"Deixei este 'argumento' por último por considerá-lo o mais estúpido de todos. Em primeiro lugar, o óbvio: então as legendas atrapalham a apreciação do filme, mas ouvir uma voz completamente diferente da original e em absoluta falta de sincronia com os movimentos labiais é algo que não incomoda? Mesmo? Há quem realmente seja capaz de alegar que a legenda seja uma distração maior do que a dublagem, do que ouvir, sei lá, o Bruce Willis falando com sotaque paulista e dizendo 'Pombas!'?

"Sinceramente, eu poderia encerrar por aqui, mas irei além: só se atrapalha com a legenda quem não tem o hábito da leitura. (Antes que alguém cite os deficientes visuais: ler item 2.) Meu filho Luca, que tem apenas oito anos de idade, já vem assistindo a filmes legendados há pelo menos um ano - e com cada vez mais naturalidade e facilidade. Assistiu a Harry Potter 7.2 nada menos do que quatro vezes nos cinemas e, em todas as ocasiões, em sua versão legendada - por opção. Também conferiu desta maneira O Planeta dos Macacos e uma infinidade de outros títulos em DVD e blu-ray - de Quanto Mais Quente Melhor a Banzé no Oeste, passando por Assassinato por Morte, Star Trek e a série Alien. E riu, sentiu medo e aproveitou cada filme ao máximo, sem se importar com as legendas.

"Aos oito anos de idade.

"Ora, sou um pai coruja como qualquer outro, mas jamais me atreveria a dizer que Luca tem superpoderes que o tornam mais apto a ler legendas do que espectadores com 15, 20, 30 ou 40 anos de idade.

"O mesmo vale para mim: não apenas leio as legendas como faço anotações durante os filmes - e qualquer um que leia meus textos será obrigado a reconhecer que, concordando ou não com o que escrevi, sou suficientemente capaz de absorver o que está na tela a ponto de citar exemplos específicos de movimentos de câmera, cortes, detalhes de fotografia, gestos de atores e assim por diante. E, sim, leio as legendas mesmo quando domino a língua original (se estiver assistindo a um filme brasileiro com legendas em português, não consigo evitar acompanhá-las).

"Assim, quando ouço/leio alguém dizer que as legendas 'atrapalham' a compreensão do filme ou a plena 'apreciação das imagens', imediatamente faço uma anotação mental e coloco a pessoa na prateleira daquelas que simplesmente não têm o hábito da leitura e que, por preguiça intelectual, querem obrigar todo o resto da população a abandonar as letras. Quer defender a dublagem? Ao menos use uma desculpa que não denuncie algo triste sobre seus hábitos culturais.

"Repito: oito anos de idade.

"No entanto, não sou simplesmente contra a dublagem; sou também entusiasmadamente a favor da manutenção da língua original nas produções de cada país. E por algumas razões fundamentais:

"1) A qualidade técnica:

"Faça um teste: ao assistir a um filme dublado que traga parte do áudio original (numa canção ou através de personagens que conversam numa língua diferente daquela usada pelo protagonista), feche os olhos e preste atenção no som. Percebeu a diferença? Claro que sim. Aliás, você teria percebido mesmo ao manter os olhos abertos, já que a disparidade é gigante.

"Isto se deve a uma questão técnica tão importante para o Cinema que a Academia criou uma categoria especial para premiá-la no Oscar: a da mixagem de som (ou Melhor Som).

"Cada filme envolve, em sua pós-produção, um trabalho árduo e extremamente detalhista de combinação das diversas trilhas que trazem os vários elementos sonoros da produção: os diálogos, os ruídos, as trilhas incidentais e instrumentais e até mesmo o som ambiente, do silêncio, de cada set. Esta mixagem requer um estudo delicadissimo do nível preciso de cada faixa em cada segundo de projeção - um trabalho que, nas versões dubladas, tem seu equilíbrio arruinado quando os estúdios brasileiros atiram uma destas faixas fora para substituí-la pela versão em português.

"Não acredita? Então coloque um DVD no seu player e repasse cenas inteiras em suas versões originais e brasileiras; se não perceber a diferença gritante da mixagem em cada uma delas, consulte urgentemente um otorrino.

"2) A suspensão da descrença:

"Já é suficientemente difícil, para o espectador, aceitar Ryan Reynolds como um patrulheiro espacial que, graças a um anel presenteado por um alienígena moribundo, torna-se capaz de viajar pelo universo e de criar objetos a partir de energia verde enquanto veste um collant digital. No entanto, somos capazes de comprar estes absurdos na maior parte do tempo graças a um contrato psicológico que firmamos com cada filme: o da suspensão da descrença. Basicamente, nos dispomos a aceitar os absurdos atirados em nossa direção a fim de que sejamos capazes de mergulhar na história - mas pedimos, em troca, que as produções mantenham seus artifícios intactos para que nada nos traga de volta à realidade durante a experiência.

"E é por isso, por exemplo, que somos imediatamente atirados para fora da narrativa quando vemos o boom (microfone) no alto da tela, já que este é o equivalente de receber um tapa no rosto e ouvir um grito de 'Isto é só um filme, idiota!'. (A propósito: em 99% das vezes que isto acontece, o erro é do projecionista; reclame com o gerente da sala para que a janela de projeção seja ajustada corretamente e o boom fique fora de quadro.)

"Agora imaginem ouvir Bill Murray abrindo a boca apenas para ouvirmos a voz de Wesley Snipes. Que é a mesma de Will Smith. Que é idêntica à de Kevin Spacey. Que também sai da garganta de Samuel L. Jackson. Que a divide com Danny Glover, Alfred Molina, Ed Harris e Denzel Washington. (No caso, todos dublados por Márcio Simões.) Ou o que dizer da experiência de ouvir Bruce Willis se comunicando com a mesma voz durante anos apenas para, subitamente, descobri-lo com um som completamente diferente a partir de 2006, quando seu dublador oficial (Newton da Matta) faleceu?

"Mais: confesso ter mais facilidade em aceitar Schwarzenegger matando 270 pessoas com um único tiro do que ouvi-lo soltando um 'Seu filho da mãe!', um 'Ora, bolas!' ou mesmo um 'Mermão' carioquíssimo enquanto pratica seu genocídio particular. Isto para não mencionar o fato óbvio de que as palavras que saem de sua boca são completamente destoantes de seus movimentos labiais, ressaltando de maneira inegável a irrealidade do que está ocorrendo na tela. Aliás, este é um 'detalhe' (e coloco entre aspas por ser tudo, menos um 'detalhe') tão importante que os animadores dedicam centenas de horas de trabalho cuidadoso à ilustração de cada fonema empregado pelos dubladores de seus personagens - justamente para que, mesmo acompanhando as aventuras de um panda ninja, não questionemos por que seus lábios não seguem os sons emitidos por sua boca.

"E a dublagem em outra língua diferente da original simplesmente mata este esforço e dificulta exponencialmente a tão importante suspensão da descrença.

"3) O trabalho do ator:

"Atuar é criar um personagem. Isto envolve um profundo trabalho de composição e estudo envolvendo meses de pesquisas, ensaios, laboratórios e tentativas para que o intérprete descubra não só a psicologia de seu personagem, mas também a maneira com que este se move, gesticula e... fala. Ouçam, por exemplo, o registro rígido, duro, da voz de Meryl Streep em Dúvida e comparem-no à leveza de sua expressão vocal em Mamma Mia! ou ao pedantismo escutado em O Diabo Veste Prada. Tentem dissociar o professor Snape da dicção venenosa, estudada, calculada, empregada por Alan Rickman na série Harry Potter. Percebam como Sean Penn, em Milk, exibe uma afetação milimetricamente estudada em seus diálogos, ocultando-a quando seu personagem quer passar uma imagem mais séria para a mídia e o eleitorado. Assista ao clímax de Coração Satânico e tente ignorar a rouquidão desesperada de Mickey Rourke.

"Agora ouça as versões dubladas e perceba a disparidade provocada pela diferença entre os meses dedicados pelos atores originais aos seus personagens e as poucas horas (se muito!) que os dubladores brasileiros tiveram para gravar seus diálogos.

"Se ainda assim você mantiver que a dublagem não deturpa a obra, então não precisa de um otorrino, mas de um psiquiatra.

"Aceitar a dublagem é aceitar pegar todo o trabalho de composição de um ator, selecionar uma parte fundamental deste e atirá-la fora, substituindo-a por um elemento criado sem estudo, sem cuidado e com pressa. É dizer que não há problema em se alterar as cores de Lição de Anatomia, de Rembrandt, ou de O Grito, de Munch, desde que os "desenhos" sejam mantidos na íntegra. Ora, nenhuma forma de arte seria submetida a uma deturpação destas - e perceber que algo assim é visto com naturalidade no Cinema é uma prova inconteste da persistente falta de prestígio e respeito que a Sétima Arte enfrenta desde seus primórdios.

"É por esta razão, também, que considero as dublagens de animações como algo um pouco mais fácil de aceitar: afinal, ali estamos substituindo todo o trabalho de um ator pelo de outro. Sim, na maior parte das vezes o cuidado na composição não é o mesmo (Luciano Huck gravou todo o seu péssimo trabalho em Enrolados em apenas 4 ou 5 horas), mas ao menos não temos um resultado digno do monstro de Frankenstein. (Sim, ainda há a questão dos movimentos labiais, mas considerando toda a artificialidade da própria técnica, que foge do realismo, é um problema menor.) Já aceitar a dublagem em produções com atores de carne-e-osso (live action) é, por todas as razões descritas acima, algo que considero inadmissível em alguém que realmente ama Cinema.

"E aí mantenho o que já escrevi neste blog e no twitter tantas vezes: você pode até gostar de ver filmes, mas se defende a dublagem - sinto muito -, não pode afirmar que ama a Sétima Arte. Uma coisa é precisar do áudio alternativo (como no caso de crianças pequenas ou de indivíduos com problemas visuais); outra é dizer que o prefere. Se prefere, má notícia: você não apenas não ama o Cinema como ainda o prejudica.

"Ir ao cinema para ver um filme em tela grande é um gesto de amor ao Cinema. E perceber que as distribuidoras brasileiras querem afastar este público das salas é algo deprimente - e pior: contando, em seu crime contra a Sétima Arte, com a complacência do público. A ideia é simples: 'lancemos muitas cópias dubladas; eles podem até não gostar, mas pagarão o ingresso assim mesmo'. A saída? Quando a cópia for dublada, boicote o filme. Busque a versão legendada ou espere pelo DVD/Blu-ray. Acredite: conferir a cópia dublada é o mesmo que comer carne estragada apenas para dizer que foi a um churrasco.

"Diga 'não' à dublagem nos cinemas. A Sétima Arte merece seu apoio."