A Suprema Felicidade
Após 20 anos sem filmar, Arnaldo Jabor ressurge com um novo filme. O título, além de bonito, promete muito, "A Suprema Felicidade". Desta vez o assunto abordado saiu da memória do cineasta.
O enredo se compõe de episódios da vida de Paulo, alterego do diretor, dos seus oito anos de idade até os 19. A sequência não segue sempre a ordem cronológica: às vezes, de um episódio salta-se para um anterior. Mas isso é feito com muito cuidado, sem prejuízo para o entedimento do espectador mediano.
É digno de louvor o esforço de fazer humor politicamente incorreto. Em parte, porém, especificamente à volta do pipoqueiro vivido por João Miguel, ouvem-se trocadilhos do repertório do antigo jornal humorístico "O Pasquim".
Há momentos de bom cinema, principalmente quando Marco Nanini está em cena. Ele faz o avô de Paulo, com a desenvoltura e inspiração que o caracterizam. Nanini carrega um pouco o filme nas costas, compensando o vazio não preenchido pelos garotos que fazem o Paulo criança ou adolescente.
Para a alegria dos cinéfilos há a stripper encarnada pela belíssima Tammy di Calafiori, que evoca Marilyn Monroe.
A impressão que me ficou, tendo visto o filme apenas uma vez, é que ele tem altos e baixos. Alguns episódios menos interessantes quebram a regularidade. Mas o bom é que filme melhora à medida que avança para o desfecho.
Coincidentemente, o ator que interpreta Paulo por último, quando ele tem 19 anos -- Jayme Matarazzo, estreante no cinema --, é o melhor dos três que dão vida ao protagonista do filme.
A promessa do título, infelizmente, não se cumpre. O próprio filme se encarrega de negá-lo, quando Nanini diz que a felicidade é impossível; com sorte, podemos ter momentos felizes.
Pois assim é também o filme. Comemoremos, então, os seus momentos felizes.
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