OS FABELMANS (2023), de Steven Sielberg

 Aos 76 anos, Steven Spielberg fez um filme com material autobiográfico, “Os Fabelmans”. Nada que lembre, por exemplo, “Oito Meio” (1963) de Federico Fellini. Ele não poderia fazer um filme parecido com “Oito ne Meio” por, pelo menos, dois motivos: o nível mental do público de cinema atual e o nível mental do próprio Spielberg. 

 Especialista em filmes para adolescentes, Spielberg mirou no seu público costumeiro. Apresenta sua relação com o cinema desde a infância, passa pela adolescência, quando fazia filminhos domésticos, e termina no momento em que tem a oportunidade de começar a carreira trabalhando para a máquina de fazer doido, isto é, a televisão. 

 Para ser justo, eu diria que se trata de um filme sem maiores ambições. Agrada mais a quem, como eu, gosta de cinema e vê qualidades em alguns trabalhos do diretor. Mas tem uma cena excepcional, de cair o queixo, que é uma bela e comovente homenagem ao cineasta John Ford. 

 O também cineasta David Lynch encarnou John Ford de modo perfeitamente verossímil. A cena mostra o encontro de Spielberg com Ford exatamente como aconteceu, e o diálogo reproduz as mesmas palavras da conversa que tiveram lá nos anos 1960. Pois tudo se passa do jeito que Spielberg dizia quando contava o episódio.