30 de maio de 2010

40 filmes obscuros, esquecidos e não amados

O saite Cinematical.com devulgou a lista que Iain Stott postou em seu blog, com 40 filmes considerados "obscure, forgotten and unloved" (obscuros, esquecidos e não amados). Nela não figura um único filme brasileiro ou latino-americano. É mais uma evidência de que os nossos filmes são desconhecidos além-fronteiras.
Eis a lista completa:
1 – O Homem que Luta Só (Ride Lonesome, EUA, 1959), de Budd Boetticher
2 – A Cruz dos Anos (Make the Way for Tomorrow, EUA, 1937), de Leo McCarey
3 – Vida e Nada Mais (Zendegi va digar hich, Irã, 1991), de Abbas Kiarostami
4 – Jeanne Dielman, 23 Quai du Commerce, 1080 Bruxelles (Sem título no Brasil, Bélgica/França, 1975), de Chantal Akerman
5 – Na Teia do Destino (The Reckless Moment, EUA, 1949), de Max Ophüls
6 – O Crime do Sr. Lange (Le crime de Monsieur Lange, França, 1936), de Jean Renoir
7 – Vozes Distantes (Distant Voices, Still Lives, Reino Unido, 1988), de Terence Davis
8 – Almas Maculadas (The Tarnished Angels, EUA, 1958), de Douglas Sirk
9 – Síndromes e um Século (Sang sattawat, Tailândia/França/Áustria, 2006), de Apichatpong Weerasethakul
10 – De Punhos Cerrados (I pugni in tasca, Itália, 1965), de Marco Bellocchio
11 – Edvard Munch (Feito para a TV e sem título no Brasil, Suécia/Noruega, 1974), de Peter Watkins
12 – Amantes (Love Streams, EUA, 1984), de John Cassavetes
13 – Lola, a Flor Proibida (Lola, Itália/França, 1961), de Jacques Demy
14 – O Posto (Il posto, Itália, 1961), de Ermanno Olmi
15 – O Pão Nosso (Our Daily Bread, EUA, 1934), de King Vidor
16 – As Duas Faces da Felicidade (Le bonheur, França, 1965), de Agnès Varda
17 – Sétimo Céu (7th Heaven, EUA, 1927), de Frank Borzage
18 – Mulheres Fáceis (Les bonnes femmes, França/ Itália, 1960), de Claude Chabrol
19 – O Vermelho e o Branco (Csilagosok, katonák, Hungria/União Soviética, 1967), de Miklós Jancsó
20 – O Prazer (Le plaisir, França, 1952), de Max Ophüls
21 – Quando a Mulher Sobe a Escada (Onna ga kaidan wo agaru toki, Japão, 1960), de Mikio Naruse
22 – Lembra-te Daquela Noite? (Remember the Night, EUA, 1940), de Mitchell Leisen
23 – Um Brilhante Dia de Verão (Gu ling jie shao nian sha ren shi jian, Taiwan, 1991), de Edward Yang
24 – Cidade da Tristeza (Bei qing cheng shi, Hong Kong/Taiwan, 1989), de Hou Hsiao-hsien
25 – Menschen am Sonntag (Sem título no Brasil, Alemanha, 1930), de Robert Siomak, Fred Zinnemann e outros
26 – O Homem de Aran ou Os Pescadores de Aran (Man of Aran, Reino Unido, 1934), de Robert J. Flaherty
27 – A Mãe (Mat, União Soviética, 1926), Vsevolod Pudovkin
28 – Espiões (Spione, Alemanha, 1928), de Fritz Lang
29 – Um Romance Moderno (Modern Romance, EUA, 1981), de Albert Brooks
30 – Estranho Acidente ou Acidente Estranho (Accident, Reino Unido, 1967), de Joseph Losey
31 – Jazz on a Summer’s Day (Sem título no Brasil, EUA, 1960), de Aram Avakian e Bert Stern
32 – Eu Te Amo, Eu Te Amo (Je t’aime, je t’aime, França, 1968), de Alain Resnais
33 – O Testamento de Deus (Stars in My Crown, EUA, 1950), de Jacques Tourneur
34 – Crescei e Multiplicai-vos (The Pumpkin Eater, Reino Unido, 1964), de Jack Clayton
35 – Os Contos de Hoffman (The Tales of Hoffman, 1951), de Michael Powell e Emeric Pressburger
36 – Dia de Outono (Akibiyori, Japão, 1960), de Yasujiro Ozu
37 – O Diabo Provavelmente (Le diable probablement, França, 1977), de Robert Bresson
38 – A Queda da Casa de Usher (La chute de la maison Usher, França/EUA, 1928), de Jean Epstein
39 – A Cadela (La chienne, França, 1931), de Jean Renoir
40 – Providence (Providence, França/Suíça, 1977), de Alain Resnais.

29 de maio de 2010

Era uma vez em 29 de maio de 2010

DENNIS HOPPER (74 anos, de câncer de próstata), ator e diretor norte-americano.

O nome de Dennis Hopper estará sempre associado ao filme Sem Destino, que ele dirigiu e protagonizou ao lado de Peter Fonda. Seu papel no filme, como um drogado agressivo e provocador, tem semelhança com seu jeito de ser na realidade. Essa confusão entre criador e criatura se repete em vários outros filmes. Ele quase sempre esteve envolvido com drogas, legais e ilegais. Na velhice, sem arrependimento, admitiu que poderia ter morrido umas dez vezes e que sobreviveu por milagre.

Sua estreia no cinema se deu em Juventude Transviada (1955), cujo título original, Rebel Without a Cause, significa "rebelde sem causa". Já começou do lado do mal, integrando uma gangue de delinquentes. O título do filme não poderia ser mais adequado, porque, tanto no cinema quanto na vida, ele foi um rebelde sem causa.

Devido ao temperamento difícil, sua carreira no cinema quase nem principiou. Quando pedia emprego na MGM, o magnata Louis B. Mayer menosprezou seu interesse por papéis shakespearianos. Ele retrucou no mesmo tom e foi despachado na hora. Por sorte, a Warner Bros. lhe deu uma oportunidade e ele não a desperdiçou.

No clássico de George Stevens Assim Caminha a Humanidade (1956), ele faz o filho do casal Rock Hudson e Elizabeth Taylor. Não é do mal, uma exceção rara, aliás, mas se rebela contra o projeto do pai de tê-lo como seu sucessor na criação de gado. Prefere ser médico, casar-se com a filha de imigrantes mexicanos e brigar para defendê-la das ofensas de brancos preconceituosos. No cinema, foi a sua única causa nobre.

Hopper atuou em vários faroestes, sempre do lado contrário à lei. Assim foi em Sem Lei e sem Alma (1957), Os Filhos de Katie Elder (1965), A Marca da Forca (1968) e Bravura Indômita (1969), e em todos teve morte violenta. Conta-se que durante as filmagens de Bravura Indômita, na Paramount, John Wayne perdeu as estribeiras com as suas provocações, pegou uma arma com balas de verdade e saiu à caça dele pelo estúdio. Ele se escondeu no camarim de um companheiro de elenco e lá permaneceu até Wayne se acalmar.

No ápice da carreira, com o sucesso de Sem Destino (1969), ele se envolveu com drogas pesadas, mergulhando na fase mais sombria de sua vida. O título do filme que dirigiu em seguida, um fracasso de público e crítica, era meio profético: The Last Movie (O Último Filme). A partir daí Hollywood o ignorou por anos a fio, o que o levou a tentar a sorte na Europa. Participou de produções de vários países, mas o único filme do período que não merece ser esquecido é O Amigo Americano (1977), de Wim Wenders.

Sua carreira só voltou aos trilhos após Apocalypse Now (1979), obra-prima de Francis Ford Coppola, em que faz um fotógrafo drogado, outro papel que lhe calhou bem. Coincidentemente, foi quando resolveu pedir ajuda contra as drogas e internar-se para desintoxicação. Depois vieram as elogiadas atuações em O Selvagem da Motocicleta (1983) e Veludo Azul (1986), além de dois novos trabalhos de direção, Anos de Rebeldia (1980) e Cores da Violência (1988).

O Selvagem da Motocicleta, também de Coppola, recicla os filmes de gangues de jovens dos anos 1950, com altas doses de estilização, trocando a inocência de outrora por drogas e orgia. É a história de um jovem que idolatra o irmão mais velho, motoqueiro transformado em figura mítica. Mais uma vez escalado apropriadamente, Hopper é o pai alcoólico de ambos.

Veludo Azul, obra-prima de David Lynch, trata das perversões que se escondem sob a fachada da vida dita normal. Frank Booth, a personagem que Hopper interpreta, é a sua cara, conforme ele mesmo disse ao diretor, assim que leu o roteiro: "David, você tem de me deixar interpretar Frank, porque eu sou Frank". Ele entendia mesmo de perversões, pois foi o papel que mais lhe rendeu reconhecimento.

Além de ator e diretor, Hopper era também pintor e fotógrafo. Seus quadros e fotografias foram expostos em galerias dentro e fora dos Estados Unidos. Chegou a publicar um livro de fotos nos anos 1980, que incluía cliques de várias estrelas de cinema. E era ainda colecionador de arte moderna, considerado um dos mais importantes do seu país.

Mesmo não tendo conquistado o status de estrela, em 1997 ele obteve o 87º lugar no ranking das cem maiores estrelas de cinema de todos os tempos da revista britânica Empire. E, recentemente, ganhou uma estrela na Calçada da Fama em Hollywood.

Hopper morreu no dia 29 de maio, aos 74 anos, deixando viúva a atriz Victoria Duffy. Casou-se cinco vezes e teve quatro filhos, entre eles o ator Henry Hooper e a atriz Ruthanna Hopper. Sua filmografia conta mais de cem títulos como ator e oito como diretor.

Para fazer-lhe um julgamento justo, talvez seja conveniente separar o homem Dennis Hopper da sua obra. Como no clássico dilema entre o cantor e a canção, no seu caso o que importa é a canção, não o cantor. Como pessoa, não resta dúvida de que era uma encrenca ambulante. Como ator, porém, tinha inegável talento para representar tipos fora-da-lei.

Quanto à sua vida dissoluta, ele teve tempo de sobra, corroído por um câncer desde 2002, para se penitenciar dos pecados. Que sua alma possa, finalmente, ter paz.
(Foto: http://www.bikemenu.com/)

23 de maio de 2010

Era uma vez em 2 de maio de 2010

LYNN REDGRAVE (67 anos, de câncer no seio), atriz britânica pertencente a uma tradicional família de atores; atuou em quase 40 filmes, mas poucos memoráveis como As Aventuras de Tom Jones (Tom Jones, 1963), Georgy, a Feiticeira (Georgy Girl, 1966), que lhe valeu o Globo de Ouro de melhor atriz coadjuvante, Shine - Brilhante (Shine, 1996) e Deuses e Monstros (Gods and Monsters, 1998), que lhe deu três prêmios de melhor atriz, inclusive o Globo de Ouro. Nasceu Lynn Rachel Redgrave em 8 de março de 1943, em Londres. Era divorciada do ator John Clark, com quem teve três filhos.

Cannes 2010: a lista dos premiados

A 63ª edição do Festival de Cannes, que terminou hoje, 23, deu a Palma de Ouro a filme tailandês que dividiu a opinião da crítica. Veja, a seguir, a relação dos premiados:
1 - Melhor filme (Palma de Ouro): Tio Boonmee, que Pode Recordar Suas Vidas Passadas (Loong Boonmee raleuk chat, Reino Unido/Tailândia/França/ Alemanha/Espanha, 2010), de Apichatpong Weerasethakul
2 - Grande Prêmio do Júri: Dos Homens e dos Deuses (Des hommes e des dieux, França, 2010), de Xavier Beauvois
3 - Melhor ator: Javier Bardem, por Biutiful (Espanha/México, 2010), e Elio Germano, por La nostra vita (Itália/França, 2010)

4 - Melhor atriz: Juliette Binoche, por Cópia Fiel (Copie conforme, França/Itália/Irã, 2010)
5 - Melhor diretor: Mathieu Amalric, por Tournée (França, 2010)
6 - Melhor roteiro: Lee Chang-dong, por Poesia (Shi, Coreia do Sul, 2010)
7 - Prêmio Câmera de Ouro: Ano Bissexto (Año bisiesto, México, 2010), de Michael Rowe
8 - Prêmio do Júri: Um Homem que Grita (Un homme qui crie, França/Bélgica/Chade, 2010), de Mahamat -Saleh Haroun
9 - Prêmio do Júri Ecumênico: Dos Homens e dos Deuses
10 - Prêmio Fipresci: Todos Vós Sois Capitães (Todos vós sodes capitáns, Marrocos/Espanha, 2010), de Oliver Laxe
11 - Prêmio "Um Certo Olhar": Hahaha (Coreia do Sul, 2010), de Hong Sang-soo

12 - Prêmio do Júri de "Um Certo Olhar": Outubro (Octubre, Peru, 2010), de Daniel e Diego Vega
13 - Prêmio Palme Queer (melhor filme gay): Kaboom (EUA/França, 2010), de Gregg Araki.

18 de maio de 2010

Era uma vez em 18 de maio de 2010

MARCOS CESANA (44 anos, de complicações decorrentes da ruptura de aneurisma cerebral), ator e roteirista brasileiro que atuou em apenas cinco filmes, entre os quais Bicho de Sete Cabeças (2001), Chega de Saudade (2007) e Lula, o Filho do Brasil (2009); seu roteiro para Olho de Boi (2008) conquistou o prêmio de melhor roteiro no Festival de Gramado.

(Foto: Divulgação)

Era uma vez em 9 de maio de 2010

LENA HORNE (92 anos, de causa não divulgada), cantora e atriz norte-americana que atuou em apenas sete filmes, entre eles os musicais Uma Cabana no Céu (Cabin in the Sky, 1943), Tempestade de Ritmos (Stormy Wheather, 1943) e Viva a Folia (Broadway Rhythm, 1944), e o faroeste Só Matando (Death of a Gunfighter, 1969); apareceu ainda em outros nove musicais como ela mesma, cantando, a exemplo de A Filha do Comandante (Thousands Cheer, 1943), Minha Vida É uma Canção (Words and Music, 1948) e Viva Las Vegas (Meet Me in Las Vegas, 1956). Ganhou duas estrelas na Calçada da Fama, uma pela música e a outra pelo cinema.


Dados biográficos: Lena Mary Calhoun Horne nasceu em 30 de junho de 1917, em Nova York. Teve participação relevante na luta pelos direitos civis dos negros nos anos 1960. Ganhou um Tony especial, o mais importante prêmio do teatro norte-americano, em 1982. Foi sogra do cineasta Sidney Lumet. Era viúva do compositor Lennie Hayton (1908-1971), seu segundo marido, e avó da atriz Jenny Lumet. Tinha dois filhos do primeiro casamento.