9 de fevereiro de 2021

JEAN-CLAUDE CARRIÈRE (1931-2021), Roteirista

 O escritor e roteirista francês Jean-Claude Carrière morreu no dia 8 de fevereiro, em Paris, de causas naturais. Tinha 89 anos.

Carrière foi um roteirista prolífico. Participou dos roteiros de mais de uma centena de produções, muitas vezes em parceria com o diretor do filme. O cineasta com quem mais colaborou foi o espanhol Luis Buñuel, sobre o qual ele fez a seguinte confidência: "Ele disse que trabalhava comigo porque entendia a minha fala. Tudo que eu dizia era um disparate, mas pelo menos ele entendia". Eles tinham tanta afinidade que escreveram a quatro mãos o livro de memórias de Buñuel, Meu Último Suspiro.

Numa entrevista ele falou sobre a sua profissão: "O trabalho do roteirista não é só escrever um filme e saber tudo sobre o lado técnico das coisas: o som, as imagens, a montagem. Seu trabalho, sua função é captar novas ideias. Isso é muito importante. Ser capaz de oferecer um buquê de ideias diferentes".

Sua parceria com Buñuel rendeu seis filmes: "O Diário de uma Camareira" (Le journal d'une femme de chambre, 1964), "A Bela da Tarde" (Belle de jour, 1967), "O Estranho Caminho de São Tiago" (La voie lactée, 1969), "O Discreto Charme da Burguesia" (Le charme discret de la bourgeoisie, 1972), pelo qual ganhou da Academia Britânica o prêmio BAFTA de melhor roteiro, "O Fantasma da Liberdade" (Le fantôme de la liberté, 1974) e "Esse Obscuro Objeto do Desejo" (Cet obscur objet du desir, 1977).

Sua filmografia inclui também "Viva Maria!" (Idem, França/Itália, 1965), "O Ladrão Aventureiro" (Le voleur, França/Itália, 1967), "A Piscina" (La piscine, França/Itália, 1969), "Borsalino" (Idem, França/Itália, 1970), "Procura Insaciável" (Taking Off, EUA, 1971), "O Tambor" (Die Blechtrommel, Alemanha Ocidental/França/Polônia/Iugoslávia, 1979), "Danton - O Processo da Revolução" (Danton, França/Polônia, 1983), "A Insustentável Leveza do Ser" (The Unbearable Lightness of Being, Suécia/EUA, 1988), que lhe deu outro BAFTA de melhor roteiro, "Cyrano" (Cyrano de Bergerac, França, 1990) e "Sombras de Goya" (Goya's Ghosts, EUA/Espanha, 2006).

Em 2015 ele recebeu um Oscar honorário e, em seu discurso de agradecimento, disse: "Estou muito feliz com isto, porque muitas vezes os roteiristas são esquecidos ou ignorados. São como sombras que passam pela história do cinema. Seus nomes não aparecem nos comentários dos críticos. Muito triste. Mesmo assim, eles fazem filmes".

Jean-Claude François Carrière nasceu em Colombières-sur-Orb, Hérault, França. Deixou viúva a mulher do seu terceiro casamento. Tinha uma filha do primeiro casamento e outra do terceiro.