28 de julho de 2010

Brigitte Bardot comemora proibição de touradas

O parlamento da Catalunha, província do nordeste da Espanha, decidiu proibir as touradas em seu território a partir de janeiro de 2012. Os inimigos da tourada começaram seu combate pela Catalunha porque lá o esporte não é tão importante quanto em outras províncias espanholas, o que facilitaria o ganho de causa, como de fato aconteceu.

A atriz francesa Brigitte Bardot, defensora intransigente dos animais, comemorou a decisão em um comunicado, no qual diz: "É uma vitória da democracia sobre os lobbies taurinos. Uma vitória da dignidade sobre a crueldade. A tourada é de um sadismo incrível. Já não estamos nos jogos circenses e é necessário pôr um fim imediato a esta tortura animal".

Por tudo que representou para o cinema francês, quando era jovem e bela, Brigitte merece a nossa admiração e o nosso respeito. (Ela foi, virtualmente, o maior estímulo às faculdades sexuais deste escriba, na adolescência.) No entanto, suas palavras não merecem passar sem questionamento, já que não respeitam a boa lógica nem os valores democráticos.

É inegável, no caso, que a decisão ocorreu dentro do jogo democrático, mas a expressão "lobbies taurinos" mais confunde que esclarece. Primeiro, pela existência também de fortíssimos "lobbies antitaurinos", dos quais Brigitte é um exemplo. Segundo, porque há muita gente que defende de boa-fé as touradas, simplesmente por apreciá-las. É o caso, por exemplo, do filósofo francês Francis Wolf, que escreveu um belo texto a respeito.

O uso do termo "dignidade" não nos parece adequado por conter um conceito moral, inaplicável ao reino animal. Quanto ao sadismo, é pouco provável que nós, humanos, deixaremos de ser sádicos com a eliminação das touradas. A tendência, aliás, é que, na ausência das formas sublimadas de violência, nós nos tornemos ainda mais sádicos contra os nossos semelhantes.

Por fim, sendo a tourada um jogo circense, que existe legitimamente há séculos, quem tem poder para decretar que "já não estamos nos jogos circenses"? E por que não é bom estar nos jogos circenses? Ou, por outro lado, qual seria o benefício para a humanidade de não mais estar nos jogos circenses? Mas é quando ela afirma "é necessário pôr um fim imediato..." que a sua personalidade autoritária se revela sem disfarces.
(Notícia veiculada pelo saite UOL Entretenimento.)