9 de fevereiro de 2011

Lapa, Paraná: criação do Cineclube 13 de Junho

Conforme foi noticiado por este blogue, no dia 29 de janeiro inaugurou-se na cidade da Lapa (PR) o Cineclube 13 de Junho, em cerimônia no Cine Teatro Imperial, com a presença do Prof. Emmanuel Appel, da Faculdade de Filosofia da Universidade Federal do Paraná, que proferiu a palestra "Caminhos do cineclubismo: cinema, cultura e formação do público".
Da ata de fundação do cineclube, divulgamos a seguir o trecho em que se registrou a participação do ilustríssimo Prof. Appel no evento:

"Devolvida a palavra ao Prof. Appel, os presentes acompanharam sua incursão por alguns momentos decisivos do cineclubismo brasileiro e curitibano (neste, detendo-se no Cineclube Pró-Arte do Colégio Santa Maria, do qual foi presidente por um período em meados dos anos 1960). Para mostrar a influência do cineclube na constituição do melhor cinema nacional, o palestrante lembrou a polêmica Vinícius de Moraes versus Carmen Santos, na qual o poeta,-- que fazia crítica de cinema no jornal carioca A Manhã nos primeiros anos da década de 1940 --, diz para a atriz e empresária-produtora Carmen Santos, de origem portuguesa, e que havia interrompido um debate que ocorria num "clube de cinema" sobre o expressionismo alemão afirmando que “o problema fundamental do cinema brasileiro era o dinheiro --, que "não se faz cinema só com dinheiro nem somente com dois ou três valores de direção mas sobretudo com um público consciente, amigo da arte”, arrematando Vinicius que “ isso se atinge por meio do interesse cinematográfico que vive à base do presente debate". Após mostrar a centralidade da cultura cinematográfica na sobrevivência e na continuidade da arte do cinema, do cinema como processo civilizatório, concluindo que “não há cinema sem cultura cinematográfica, não há cinema quando se fazem filmes e não se fala dos filmes, não há cinema quando autor e obra não encontram o seu público”, o Prof. Appel direcionou sua exposição para dois importantes documentos: a Carta de Curitiba, tirada em fevereiro de 1974 quando da realização no Teatro do Paiol da VIII Jornada Nacional de Cineclubes Brasileiros; e a Carta da Lapa, acima citada. Na de Curitiba há um claro posicionamento em favor do cinema nacional e do projeto cultural brasileiro. Na da Lapa, sublinha-se -- junto com oportunas considerações sobre formação técnico-profissional, sobre pesquisa e preservação cinematográfica, sobre filmes de época --, a relação entre cinema e educação e a necessidade de aproximar os cineclubes existentes, inclusive com propostas de políticas públicas, bem como de organizar novos cineclubes em todos os espaços possíveis: escolas, universidades, associações, institutos, bibliotecas, museus, sindicatos, clubes, dentre outros, visando contribuir de forma duradoura com a formação do público, de público para o cinema nacional, de quadros que possam fazer crítica de cinema, um exercício que não se pode considerar menos importante que fazer cinema. Em seguida, sugeriu que o Cineclube 13 de Junho oportunamente retomasse sua leitura e até assumisse a Carta da Lapa como seu documento-bandeira. Sugeriu ainda, considerando a reafirmação do Conselho Nacional de Cineclubes Brasileiros, recentemente renovado, de priorizar o seminário "Cinema, Cineclubismo e Educação", que batalhasse pela presença da arte cinematográfica nas escolas da Lapa, fazendo sua a aposta na vocação original do cinema de ser arte democrática e popular."