Cinema da Boca do Lixo no Festival de Roterdã
O Festival de Cinema de Roterdã, Holanda, começou a apresentar ontem, na mostra Sinais, uma série de 15 longas-metragens paulistas produzidos na chamada Boca do Lixo entre as décadas de 1960 e 1980.
O curador da mostra, Gabe Klinger, que viu mais de 200 títulos para selecionar os 15 filmes, concluiu que o elemento que os une é a referência à sexualidade.
A seleção, bem heterogênea, inclui clássicos como "O Bandido da Luz Vermelha" (1968), de Rogério Sganzerla, "A Margem" (1967), de Ozualdo Candeias, "Liliam M - Relatório Confidencial (1975)", de Carlos Reichenbach, e "O Ritual dos Sádicos" ou "O Despertar da Besta" (1970), de José Mojica Marins.
Entraram também filmes de sexo explícito, dominantes no meado dos anos 1980, entre os quais "Senta no Meu que Eu Entro na Tua" (1985), de Ody Fraga, "Fuk Fuk à Brasileira" (1986), de Jean Garret, e "Oh! Rebuceteio" (1984), de Cláudio Cunha.
Há também exemplares do chamado cinema marginal: "O Pornógrafo" (1970), de João Callegaro, e "Orgia ou o Homem que Deu Cria" (1970), de João Silvério Trevisan, além de "O Vampiro da Cinemateca" (1977) e "O Insigne Ficante" (1980), ambos de Jairo Ferreira.
Um cineasta de prestígio como Walter Hugo Khouri também está presente com "Convite ao Prazer"(1980). Ainda de Carlos Reichenbah entrou ainda "O Império do Desejo" (1981), e, de Cláudio Cunha, o policial "Snuff - Vítimas do Prazer", um dos mais provocativos da seleção e que era considerado perdido.
A Boca do Lixo compreendia alguns quarteirões do centro de São Paulo, entre as ruas do Triumpho, Vitória e Gusmões, em Santa Ifigênia. Tornou-se o principal pólo de produção do cinema paulista após a falência dos grandes estúdios, dos quais o maior era a Vera Cruz.