13 de março de 2022

LICORICE PIZZA (2021), de Paul Thomas Anderson

CINEMA SEM BELEZA, SEM EROTISMO, SEM HUMOR, SEM EMOÇÃO

Hoje eu fechei um cinema por minha conta. Paguei uma fortuna para ver o filme sozinho. Minto. Paguei dezesseis reais para ser torturado numa sala deserta por mais de duas horas.

O filme conta a história... Minto. Não há história. O filme mostra o relacionamento boboca de uma moça de vinte e cinco anos e um adolescente de quinze, em 1973. Eles transitam por vários ambientes, agindo como pessoas pouco ou nada inteligentes e dizendo banalidades. Trabalham em publicidade e no cinema, isto é, em Hollywood.

Os atores têm rosto e corpo de pessoas que passariam despercebidas numa multidão. A maquiagem não é usada ou é disfarçada para parecer ausente. Exceto no caso de uma atriz de determinada raça, talvez para evitar a acusação de mau trato ou racismo.

A dupla, juntos ou separados, interage com pessoas de mais idade que se comportam como tolas, dizem tolices e fazem brincadeiras de gente tola. Três atores veteranos (Tom Waits, Sean Penn e Bradley Cooper) estão irreconhecíveis, são três patetas.

O adolescente pede para ver os seios da moça. Ela se nega, ele insiste. Uma hora, ela resolve atendê-lo, da forma mais deselegante. Surge caminhando rápido, para a pouca distância dele e, imediatamente, abre o zíper e baixa a blusa diante das fuças do garoto. Da mesma forma brusca, fecha o zíper, vira as costas e sai pisando duro.

Nunca vi pessoas reais se comportarem assim. Se existiram ou existem em algum lugar, fogem completamente do meu interesse. Quem imaginaria dois atores de Hollywood tendo um comportamento assim animalesco? Aliás, nem os animais se comportam de modo tão cru, sem ritual. A moça teria muito que aprender com as jovens da minha geração, lá nos anos 1960, em Piracanjuba.

O filme não tem nem traço, vestígio ou fumaça de beleza. É vendido como um drama, mas não passa de uma comédia de erros, no sentido literal da expressão. E tudo nele é comum, corriqueiro, sem-graça. A trilha sonora só deve agradar aos fãs da Anitta e quejandos.

A fotografia simula filme doméstico: iluminação natural, enquadramento banal. O cenário é desinteressante e em cores de mau gosto. A moça entra num banheiro cujas paredes são vermelhas, e lá está uma mulher vestida com um quimono colorido, no qual predomina a cor vermelha.

O figurino parece roupa cotidiana comprada em butique de bairro da periferia ou, no máximo, na lojinha da esquina. No final, o adolescente aparece de terno branco, camisa vermelha e gravata branca. Sem contrastar, portanto, com o mau gosto geral.

O filme se chama Licorice Pizza, que se traduz por Pizza de Alcaçuz. Se pizza de alcaçuz existisse, talvez não fosse tão danosa ao paladar quanto este filme o é para a inteligência daqueles que desconhecem os clássicos.

Se você pensa que o diretor é alguém obscuro ou desprezível, se enganou. Trata-se do cultuado Paul Thomas Anderson. Mas, cautela, é preciso ter muito talento para fazer um filme tão desagradável e conseguir vendê-lo aos “intelectuais”.

Não estudei cinema a vida inteira para agora perder tempo e dinheiro com esse tipo de “arte”. Onde foi parar a imaginação, a elegância, o refinamento? Cadê a criatividade, como foi que ela se perdeu? Bater palmas pra maluco dançar, vai quem quer. Eu tenho mais o que fazer com o pouco de vida que me resta.

9 de março de 2022