Era uma vez em 31 de dezembro de 2006

JOÃO BETHENCOURT (82 anos, de infecção generalizada), escritor brasileiro nascido na Hungria; escreveu os diálogos dos filmes Os Vencidos (1963) e Um Ramo para Luiza (1965) e o argumento de Enfim Sós... com o Outro (1968); participou do roteiro de Fábula (1964), de Arne Sucksdorff; sua novela As Vidas de El Justicero virou filme, El Justicero (1965), pelas mãos de Nelson Pereira dos Santos; duas peças suas também viraram filme: Como Matar um Play-Boy (1968) e Um Marido Contagiante (1977); escreveu também para as TVs francesa e brasileira.
Curiosidade: Apareceu como ator num único filme: As Duas Faces da Moeda (1969), de Domingos de Oliveira.

(Crédito da foto: www.blutenburg-theater.de)

Era uma vez em 25 de dezembro de 2006

JAMES BROWN (73 anos, de pneumonia), cantor e compositor norte-americano; compôs a trilha de três filmes, entre os quais O Chefão de Nova Iorque (1973) e Slaughter Joga Sujo (1973), no qual também atuou; apareceu ainda no filme Os Irmãos Cara de Pau (1980) e na sua refilmagem de 2000; suas canções foram usadas já na trilha de nada menos que 114 filmes e capítulos de séries de TV, inclusive no filme brasileiro Cidade de Deus (2002).
Curiosidade: No filme Rocky IV (1985) seu personagem se chamava The Godfather of Soul (O Padrinho do Soul), seu apelido na realidade, por sua contribuição ao gênero musical "soul". Sobre seu caixão havia uma faixa com a inscrição The Godfather, simplesmente.
(Crédito da foto: www.8notes.com)

Era uma vez em 24 de dezembro de 2006

JOÃO DE BARRO ou BRAGUINHA (99 anos, de múltipla falência dos órgãos), diretor, argumentista, roteirista e, acima de tudo, compositor brasileiro; co-dirigiu Alô, Alô, Brasil (1935) e dirigiu Anastácio (1939); participou do argumento e/ou roteiro de outros cinco filmes entre 1935 e 1940; escreveu canções para nove filmes, entre 1935 e 1972; foi ator num único filme: Garota de Ipanema (1967).

Curiosidade: Participou da dublagem do desenho animado Branca de Neve e os Sete Anões (1937), de Walt Disney, para o qual escreveu as letras em português das canções; graças à qualidade de seu trabalho, continuou participando das versões dos desenhos de Disney subseqüentes. João de Barro era pseudônimo.

(Crédito da foto: http://www.mpbnet.com.,br)

Era uma vez em 18 de dezembro de 2006

JOSEPH BARBERA (95 anos, de causas naturais), cartunista norte-americano; na década de 1930, formou com William Hanna (1910-2001) a dupla Hanna-Barbera, que criou para o cinema a premiadíssima série de Tom e Jerry; a partir da década de 1960 a dupla assumiu o domínio do desenho animado na TV, com séries como The Flintstones, The Jetsons, Zé Colméia, Scooby-Doo; por seu trabalho na TV, recebeu dois Emmy, um dos quais para a dupla Hanna-Barbera, a qual recebeu ainda, pelo trabalho no cinema, o Prêmio Cartunistas da Tela de Cinema (1984), o Prêmio Jackie Coogan (1989) e uma estrela na Calçada da Fama.
Curiosidade: Os cartuns de Tom e Jerry ganharam sete Oscars, todos para o produtor Fred Quimby, que era chefe do departamento de animação da MGM, para desgosto de Hanna e Barbera, que o consideravam "um chato inútil que não tinha amor nem talento para a animação". A TV Globo (Jornal Nacional) noticiou que a dupla Hanna-Barbera "criou os personagens Tom e Jerry, que receberam sete Oscars", sem elucidar para quem foram os prêmios. A revista Veja divulgou que os sete Oscars foram para a dupla. Veja errou.
(Crédito da foto: www.toonsart.com)

Era uma vez em 14 de dezembro de 2006

HALLIE D'AMORE (64 anos, por ferimento de arma de fogo), maquiadora norte-americana, que trabalhou em quase 50 filmes, entre os quais Dick Tracy (1990), Bugsy (1991) e Forrest Gump (1994), pelo qual foi indicada ao Oscar na categoria e no qual fez sua única aparição como atriz, no papel de uma garçonete. Curiosidade: Seu corpo foi encontrado junto ao de seu marido, o fotógrafo Richard D'Amore; a polícia concluiu que ela atirou no marido e depois se suicidou.

Era uma vez em 12 de dezembro de 2006

PETER BOYLE (71 anos, de problemas cordíacos associados a múltiplo mieloma), ator norte-americano; ficou conhecido ao interpretar o monstro em O Jovem Frankenstein (1974); apareceu também em Taxi Driver (1976) e Hammett - O Falcão Maltês (1982), de Wim Wenders, entre outros filmes; mas a fama só veio com seu trabalho na TV, nas séries Arquivo X (1995, em um só capítulo), que lhe valeu um Emmy, e Everybody Loves Raymond (1996 a 2005).
Curiosidade: Ele havia sofrido um derrame cerebral em 1990 e um infarto em 1999.
(Crédito da foto: www.trevorharris.ca)

Mensagem de Kirk Douglas no seu 90º aniversário, SÁBADO, 9 DE DEZEMBRO

Meu nome é Kirk Douglas. Talvez você não me conheça. Caso não me conheça... pesquise sobre mim no Google. Eu fui estrela do cinema e sou pai de Michael Douglas, sogro de Catherine Zeta-Jones e avô de seus dois filhos. Hoje comemoro meu 90º aniversário.
Eu tenho uma mensagem para transmitir aos jovens da América. Um 90º aniversário é especial. No meu caso, este aniversário não é apenas especial mas milagroso. Eu sobrevivi à II Guerra Mundial, a uma queda de helicóptero, a um derrame cerebral e a dois novos joelhos.
Manda a tradição que um "garoto aniversariante" que esteja sobre seu bolo formule um desejo em silêncio para a sua vida, antes de apagar as velinhas. Eu segui essa tradição por 89 anos, mas no meu 90º aniversário decidi rebelar-me. Em vez de fazer um pedido silencioso para mim, eu quero formular um desejo GRITADO para O MUNDO.
Encaremos os fatos: O MUNDO ESTÁ METIDO NUMA ENRASCADA e vocês o estão herdando. Geração Y, vocês estão no ápice. Vocês são um grupo que enfrenta numerosos problemas: pobreza abjeta, aquecimento global, genocídio, AIDS e terroristas suicidas -- para mencionarmos apenas alguns. Esses problemas existem e o mundo está calado. Nós fizemos muito pouco para resolver esses problemas. Agora, nós o legamos a vocês. Vocês têm de pô-lo em ordem porque a situação é intolerável.
Vocês precisam rebelar-se, falar alto, escrever, votar e preocupar-se com as pessoas e com o mundo no qual vivem. Nós vivemos no melhor país do mundo. Eu reconheço. Meus pais eram imigrantes russos. A América é um país onde TODOS, independentemente de raça, crença ou idade, têm oportunidade. Eu tive a minha oportunidade. Vocês são a geração mais pressionada e a geração que pode fazer a diferença.
Eu amo este país porque vim de uma vida de pobreza. E pude trabalhar para custear meus estudos na universidade e dedicar-me à profissão de ator, a atividade que eu amo.
Quando eu soprar minhas velinhas -- 90!... levará muito tempo... mas eu estarei pensando em vocês.
(Traduzido do inglês por Herondes Cezar)

(Crédito da foto: www.art.com)

Era uma vez em 30 de novembro de 2006

PERRY HENZEL (70 anos, de câncer na medula óssea), cineasta jamaicano bissexto, que estudou na Inglaterra e lá trabalhou na TV; dirigiu o primeiro filme produzido na Jamaica, Querem Meu Sangue (The Harder They Come, 1972), estrelado pelo cantor de reggae Jimmy Cliff e recém-lançado em DVD no Brasil, com esse título.
Curiosidade: Seu segundo filme, No Place Like Home, estreou no Festival de Negril no dia seguinte ao de sua morte.
(Crédito da foto: www.liquidatormusic.com)

Era uma vez em 27 de novembro de 2006

DAVE COCKRUM (63 anos, de complicações da diabetes), desenhista de quadrinhos norte-americano, criador de X-Men, na década de 1960, que deu origem à série de filmes com o mesmo nome, a partir de 2000.

Era uma vez em 27 de novembro de 2006

JECE VALADÃO (76 anos, de insuficiência respiratória), roteirista, diretor, produtor e, principalmente, ator; começou em produções da Atlântida, notadamente chanchadas, mas teve a sorte de pegar o bonde do Cinema Novo em seus primórdios; atuou em Rio 40 Graus (1955), Rio Zona Norte (1957) e Boca de Ouro (1963), todos de Nelson Pereira dos Santos, mas foi em Os Cafajestes (1962) que definiu sua persona cinematográfica -- o cafajeste tout court; apareceu também em A Idade da Terra (1980), último filme de Glauber Rocha.
(Crédito da foto: www.contracampo.com.br)

Era uma vez em 23 de novembro de 2006

BETTY COMDEN (89 anos, de insuficiência cardíaca) (norte-americana), roteirista e letrista, em parceria com Adolph Green (1914-2002), de alguns dos mais belos musicais do cinema: Um Dia em Nova Iorque (1949), prêmio do Sindicato dos Roteiristas, Cantando na Chuva (1952), prêmio do Sindicato dos Roteiristas, A Roda da Fortuna (1953), Dançando nas Nuvens (1955), Essa Loura Vale um Milhão (1960), prêmio do Sindicato dos Roteiristas, de que recebeu também um prêmio honorário (life achievement); no teatro, sempre com os musicais, ganhou cinco Tonys; todos os prêmios foram para a dupla.
Curiosidade: Comden e Green são os autores da letra da canção New York, New York. (Na foto, Comden e Green. Crédito: www.ascap.com)

Era uma vez em 23 de novembro de 2006

PHILIPPE NOIRET (76 anos, de câncer), ator francês de carreira internacional; atuou em filmes como A Comilança (1973), O Jogo com o Fogo (1975), de Alain Robbe Grillet, Meus Caros Amigos (1975), Por Volta da Meia-Noite (1986), A Família (1987), O Carteiro e o Poeta (1994), mas só ficou famoso por interpretar o projecionista do superestimado Cinema Paradiso (1988); ganhou vários prêmios na França, Itália, Alemanha, Inglaterra.

Curiosidade: Recebeu o prêmio de melhor ator coadjuvante do Conselho Nacional da Crítica dos EUA, por seu trabalho em Topázio (1969), o pior filme de Hitchcock.

(Crédito da foto: www.cinema-francais.kiev.ua)

Era uma vez em 20 de novembro de 2006

ROBERT ALTMAN (81 anos, de câncer), o mais europeu dos cineastas norte-americanos; dirigiu filmes magníficos como MASH (1970), premiado com a Palma de Ouro em Cannes, Quando os Homens São Homens (1971), faroeste originalíssimo, Nashville (1975), Cerimônia de Casamento (1978) e O Jogador (1992), prêmio de direção em Cannes; mas só ganhou um Oscarzinho honorário (life achievement) na última oportunidade, em 2006; Sophia Loren, que trabalhou com ele em Prêt-à-Porter (1994), expressou o sentimento de todos os seus fãs: "Estou extremamente triste. Mais um gigante nos deixou".

Curiosidade: Viveu dez anos com um coração transplantado.

(Crédito da foto: www.linternaute.com).

Era uma vez em 16 de novembro de 2006

GARY GRAVER (68 anos, de câncer) (norte-americano), ator, roteirista, produtor, diretor e, sobretudo, diretor de fotografia; fotografou para Orson Welles The Other Side of the Wind (1972), que ficou incompleto, Filming 'Othelo' (1978), documentário (filme-ensaio) e parte de Verdades e Mentiras (1974), onde também apareceu como ele mesmo; dirigiu mais de 100 filmes pornôs, com o pseudônimo de Robert McCallum.
Curiosidade: Depois de fotografar alguns filmes "trash", ele soube que Orson Welles estava em L.A. e ligou para ele; após dizer-lhe que o único fotógrafo que o havia procurado antes tinha sido Gregg Toland (o grande!), responsável pela fotografia de Cidadão Kane, Orson o convidou para trabalhar na série de seis programas para a cadeia de lojas Sears "An Evening with Orson Welles".
(Na foto, Gary atrás de Orson Welles. Crédito: www.uta.fi)

Era uma vez em 10 de novembro de 2006

JACK PALANCE (87 anos, de causas naturais), ator norte-americano; atuou soberbamente em filmes como Pânico nas Ruas (1950), sua estréia no cinema, Os Brutos Também Amam (1953), A Grande Chantagem (1955), Morte sem Glória (1956), entre tantos outros que eu vi, mas não teve seu talento reconhecido devidamente; ganhou o Globo de Ouro e o Oscar de coadjuvante pelo faroeste cômico contemporâneo Amigos, Sempre Amigos (1991); como consolo, ganhou um prêmio honorário (life achievement) em festival da ignota Flagstaff, Arizona, e uma estrela na Calçada da Fama, ironicamente por seu trabalho na TV, que lhe deu também um Emmy; era pai das atrizes Holly Palance e Brooke Palance (nora da Elizabeth Taylor) e do ator Cody Palance.
Curiosidade: Dotado de humor cáustico, ele fez em entrevista a seguinte declaração: "As únicas coisas com que você pode verdadeiramente contar são a gravidade e a ganância".

(Crédito da foto: http://www.cowboysindians.com/)

Era uma vez em 7 de novembro de 2006

ED BRADLEY (65 anos, de leucemia) (norte-americano), jornalista da rede de TV CBS, ferido na Guerra do Vietnam, que atuou num único filme de ficção: Russkies (1987), dirigido por Rick Rosenthal.

Era uma vez em 1º de novembro de 2006

WILLIAM STYRON (81 anos, de pneumonia), escritor norte-americano, autor do romance que resultou no premiadíssimo filme de Alan J. Pakula A Escolha de Sofia (1982) e do conto que virou filme: Shadrach - Um Sonho Proibido (1998), com roteiro e direção de sua filha Susanna Styron.
(Crédito da foto: www.psu.edu)

Era uma vez em 1º de novembro de 2006

ADRIENNE SHELLY (40 anos, assassinada) (norte-americana), diretora, roteirista e, acima de tudo, atriz; estreou como atriz no filme A Incrível Verdade (1989); escreveu o roteiro, dirigiu e estrelou I Take You There, pelo qual recebeu o prêmio de direção no Festival da Arte da Comédia dos EUA, de Aspen, Colorado, e no Festival Internacional do Filme Tróia, de Setúbal, Portugal.

Curiosidade: Matou-a um trabalhador de 19 anos, que reformava um apartamento no edifício em que ela mantinha, noutro apartamento, seu escritório, no Greenwich Village; ela foi reclamar do barulho, ele a espancou até a morte, levou o corpo para o escritório e o pendurou no cano do chuveiro, para simular suicídio.

(Crédito da foto: www.filmweb.pl)