Poema de Antonio Miranda - 1
O grande intelectual e poeta Antonio Miranda resolveu premiar os leitores deste blog, autorizando a publicação de dois poemas de sua autoria em que homenageia estrelas do cinema brasileiro. Por sua magnânima atitude, o nosso reconhecimento.
AS DIVAS
Para Raimundo Tadeu Corrêa
No cinema brasileiro de minha juventude
as mulheres eram emblemáticas, prototípicas!
Emblemáticas? Prototípicas?!
Eliane Lage era asséptica, higiênica
maravilhosamente burguesa e fleumática
enquanto Eliana, saia godê
parecia vir de um seriado de TV!
Vanja Orico, nativa refinada
onça amazônica, encarnava o sertão
numa representação telúrica/regional
como um ícone, um mito
i.e., emblemática e prototípica!
Norma Bengell sempre personificava
nossos instintos, nossos desvios
excessos, as vontades mais recônditas
- por que não confessar? – nossos pecados
pois havia ainda pecado abaixo do Equador.
Havia Tônia Carrero, tão linda, tão perfeita!
Podia passar por uma atriz de Hollywood
não fosse a língua de seus filmes!
Tão superior, tão loura! Tão emblemática
de nossas projeções/superações raciais
meridionais.
Mas eu gostava mesmo
mais intensamente
devo confessar: apaixonadamente
era da Odette Lara
- uma Anita Ekberg nos trópicos –
mesmo vestida
ela estava sempre nua!
A nudez de Norma Bengell
era pontual, momentânea
ou seja, prototípica...
A nudez de Odette Lara era integral
permanente, dos pés à cabeça
estava no mar libidinoso
de seus olhos! Na sensualidade
de seus ombros mesmo quando
vestidos!
No cinema brasileiro de minha juventude
as mulheres eram emblemáticas, prototípicas!
Emblemáticas? Prototípicas?!
Eliane Lage era asséptica, higiênica
maravilhosamente burguesa e fleumática
enquanto Eliana, saia godê
parecia vir de um seriado de TV!
Vanja Orico, nativa refinada
onça amazônica, encarnava o sertão
numa representação telúrica/regional
como um ícone, um mito
i.e., emblemática e prototípica!
Norma Bengell sempre personificava
nossos instintos, nossos desvios
excessos, as vontades mais recônditas
- por que não confessar? – nossos pecados
pois havia ainda pecado abaixo do Equador.
Havia Tônia Carrero, tão linda, tão perfeita!
Podia passar por uma atriz de Hollywood
não fosse a língua de seus filmes!
Tão superior, tão loura! Tão emblemática
de nossas projeções/superações raciais
meridionais.
Mas eu gostava mesmo
mais intensamente
devo confessar: apaixonadamente
era da Odette Lara
- uma Anita Ekberg nos trópicos –
mesmo vestida
ela estava sempre nua!
A nudez de Norma Bengell
era pontual, momentânea
ou seja, prototípica...
A nudez de Odette Lara era integral
permanente, dos pés à cabeça
estava no mar libidinoso
de seus olhos! Na sensualidade
de seus ombros mesmo quando
vestidos!
E não havia mais ninguém!
Em preto-e-branco
elas luziam todas as cores
de um arco-íris secreto.
ELIANE LAGE, a eterna musa do cinema brasileiro, vive atualmente em Pirenópolis, Goiás, e tenho o privilégio de encontrar-me com ela vez por outra. A presente homenagem, ainda que coletiva, expressa minha admiração e encantamento por sua figura-símbolo. ANTONIO MIRANDA
(Crédito das fotos: 1 - Eliane Lage: http://www.3continents.com/; 2 - Odette Lara: http://www.geocities.com/; 3- Tônia Carrero: site.pirelli.14bits.com.br)
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