13 de abril de 2010

Era uma vez em 12 de abril de 2010

WERNER SCHROETER (65 anos, de câncer), diretor, roteirista, cinegrafista, montador e ator alemão; um dos cineastas do chamado "novo cinema alemão" mais incensados pela crítica; realizou cerca de 20 longas-metragens, parte dos quais são documentários; ganhou prêmios em vários festivais, inclusive na Mostra Internacional de São Paulo com o filme Conselho de Amor (Liebeskonzil, 1982); sua filmografia, no entanto, permanece desconhecida do mercado cinematográfico brasileiro; talvez seja um daqueles artistas que os críticos adoram mas o grande público não compreende. Nasceu em 7 de abril de 1945, em Georgenthal, Alemanha.

Um comentário:

nosbor.araujo disse...

segunda-feira, 12 de abril de 2010
um poema p/ alguns diretores de cinema. por rafael nolli, israel faria, isaías de faria, mônica alves costa


bergman vê faces e exprime com luz sua versão.
filma a dor a angústia e o medo
bem em closes.
mostra abismos a que podemos chegar e
o tempo é contado como
uma cáustica lembrança.

antonioni e jarmush podem deixar muita gente
querer sair da sala.
tem incomunicabilidade nossa lá.
trazem uma coexistência e inaceitação,
expressam lentas imagens que
nossa moderna rapidez não admite.

glauber restaura a brasilidade pura do povo.
eufórico, faz em pedaços o paradigma pensante.
cria espaços, deixa novo o cinema, bota a boca no mundo, e
denuncia a sórdida política e a massa manipulada.
é utópico (?) relutante e cheio de algoz vontade
de quebrar algemas rústicas imperialistas.

zé do caixão pavimenta caminhos sombrios,
com pouca argamassa nos leva ao inferno.
mostra a noite estranhamente escura,
um pouco mais densa que o sangue -
onde homens ou outra coisa,
se devoram esfomeados, até a alma.

einsenstein revela não só o homem
e a máquina que o oprime :
apresenta o povo e a notável ferramenta
que o liberta. a beleza no céu de outubro
incrivelmente vermelho
sobre os operários em greve.

kim ki-duk no arco das estações aponta
para uma ilha onde habita o insólito (animais selvagens),
onde a casa vazia tem endereço desconhecido & o
tempo não é nada samaritano,
onde sem fôlego acordamos de um sonho no meio de
um mosaico de imagens esdrúxulas.

béla tarr olha para a danação com vagar atípico,
as personagens solidificam na desgarrada solidão,
no p&b panorâmico caminha em silêncio,
enxergam suas monstruosidades no olho do ancestral,
irimiás discursa diante do corpo da menina suicida.
extemporâneo e harmônico tarr nos (des)concerta.

fassbinder e suas inúmeras querelas,
tanto desespero,
tanta violência, sexo...
rainer é incômodo, é visceral,
é um estrebuchar com a faca na barriga, um afronto,
furor a as iminentes lágrimas amargas.

alfred hitchcock nos desperta com seu suspense
carregado de tons claro-escuros
mesclando com diálogos manipuladores
onde o desfecho de um crime
é feito com arte, com sutileza
dando um novo sabor ao gênero.

alejandro gonzalez iñárritu nos conecta ao próximo
inconsciente e independente do espaço
recria uma sensação dupla
de esperança e sofrimento.
sentimentos dos quais não estamos imunes,
compõem o ser.

walter salles resgata o afeto
perdido diante de um cotidiano
tenso, automático.
através de novas geografias,
novas visões e da difícil tarefa de
se colocar no lugar do outro

Postado por isaias de faria

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