'O Homem nas Trevas' (Don't Breathe, 2016), de Fede Alvarez
Ontem à tarde, fui resolver um assunto em endereço próximo ao Boulevard Shopping, onde há quatro salas de cinema, e aproveitei a oportunidade para ver algum filme que estivesse em cartaz. Foi assim, numa espécie de roleta russa com a sorte, que assisti ao filme americano "O Homem nas Trevas", dirigido pelo uruguaio Fede Alvarez. Mas se arrependimento matasse... O filme narra a história de três jovens, dois rapazes e uma moça, praticantes de furtos, que resolvem roubar um velho ex-militar cego que vive sozinho em um bairro abandonado, com uma grande soma de dinheiro guardada em casa. Só esta informação já permite notar que existe similaridade entre este filme e "Um Clarão nas Trevas" (Wait Until Dark, 1967), no qual uma mulher cega, também solitária, tem a sua casa sitiada, também por três criminosos, que querem se apossar de uma porção de heroína ali escondida. Neste caso, como a vítima é mulher, os três assaltantes são homens. E a história é contada do ponto de vista da vítima, que tem a total empatia do espectador. No caso de "O Homem nas Trevas", como a suposta vítima é um homem, a mulher faz parte do trio de assaltantes. E a história é contada do ponto de vista destes, que ganham a empatia do espectador. Uma jovem espectadora, que estava sentada perto de mim, dizia "velho f-d-p" toda vez que o cego aparecia em cena, oferecendo perigo para os jovens assaltantes. À medida que o filme avança, surgem informações sobre o velho cego que justificam o repúdio à sua figura e reforçam a empatia com os assaltantes. Coisas do relativismo moral destes tempos em que vivemos. Também ao gosto das hordas atuais, há violência e sangue em excesso. É preciso realçar ainda que o som do cinema devia estar próximo dos 85 decibéis, porque, ao que parece, os jovens de hoje não ouvem muito bem se o som estiver a uma altura civilizada. No resumo da ópera, para minha surpresa, os roteiristas do filme deram um jeito de apresentar um final feliz. Hoje em dia, no cinema, rouba-se, mata-se e no final está tudo bem. Na arte como na vida? Antes de entrar no cinema, eu devia ter atentado para o nome do diretor do filme (Fede Alvarez) e do ator que interpreta um dos assaltantes (Dylan Minnette). Tenho que reconhecer que nos EUA o filme é um sucesso de público. Vez por outra, eu me identifico com aquele velhinho do filme "Cabaret" (1972) que se sente incomodado com a empolgação dos jovens nazistas ao seu redor.
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