27 de dezembro de 2016

Dois filmes parecidos: 'Desencanto' (Brief Encounter) e 'Amor à Primeira Vista' (Falling in Love)


Decidi rever os filmes "Desencanto" e "Amor à Primeira Vista", que apresentam muitas situações em comum.

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"Desencanto" é um filme inglês, de 1945, sobre um médico e uma dona de casa que se conhecem na cantina de uma estação de trem e se apaixonam. Nada demais, se ambos não fossem casados. O filme tem uma estrutura complexa, que começa pelo último encontro dos dois, sem apresentar ao espectador todos os dados desse encontro, deixando detalhes importantes a serem revelados no final. A história é narrada pela mulher, que conta ao marido toda a aventura amorosa que viveu. O médico ousa levar a namorada ao apartamento de um amigo, do qual possui a chave. Mas o amigo os surpreende, censura a conduta do médico e toma-lhe a chave. Fica-se conhecendo apenas a família da dona de casa, a do médico nunca é mostrada. No fim, ambas as famílias seguem em frente. A pergunta que se faz é se o filme seria conservador, já que os namorados não chegam a irem para a cama. A meu ver, não é. Pela época em que o filme foi feito, avançou-se até onde era possível, evitando problemas com a censura mundo a fora. Mas é preciso notar que os namorados são de uma classe social elevada. O mesmo não acontece entre pessoas, digamos, mais plebeias. É o caso das intimidades licenciosas entre a atendente da cantina e o guarda da estação. O guarda, aliás, entra em cena escalando a plataforma da estação; vindo de baixo, portanto.


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Em "Amor à Primeira Vista", filme de Hollywood de 1984, a história se passa em Nova York, cidade moderna e cosmopolita. Na véspera de Natal, Robert De Niro, casado, conhece Meryl Streep, também casada, na Livraria Rizzoli, a mais charmosa de Nova York. Depois, como ambos costumam pegar o mesmo trem, passam a se encontrar em trânsito. Suas famílias são mostradas em vários momentos. De Niro tem um amigo, a quem confidencia sobre a situação, e o amigo lhe oferece o apartamento como garçonnière. Ele leva Meryl ao apartamento, eles vão para a cama, e ela tem uma crise de consciência que os impede de irem às vias de fato. Outra vez, pergunta-se: o filme é conservador? A meu ver, não é. Porque, como consequência de seu romance, suas famílias são destruídas. Com isso, o caminho fica aberto para se reencontrarem e refazerem suas vidas juntos. O melhor do filme é o casal de atores. De Niro e Meryl conseguiriam me comover mesmo se recitassem bulas de remédio. Aliás, no filme há cenas em que nada dizem e a gente percebe o que estão pensando, e cenas em que dizem uma coisa enquanto estão pensado em outra. Um dos grandes momentos do filme é quando, na presença do marido, Meryl recebe uma ligação de De Niro, fazendo pressão para que vá se encontrar com ele. Ela fica tão dividida que até seus olhos entram em descompasso.

Para o meu gosto, são dois filmes excelentes.

(Fotos: Google Imagens.)

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