'Sully - O Herói do Rio Hudson' (Sully, 2016), de Clint Eastwood
Hoje
em dia, são poucos os diretores que conseguem imprimir emoção
verdadeira em um filme. Clint Eastwood é um deles, talvez o melhor de todos.
Seu filme “Sully – O Herói do Rio Hudson”, atualmente em cartaz no Brasil, comprova
isso.
Como
pode um diretor pegar uma história surrada, cujo final todo mundo sabe de
antemão, e fazer o espectador se interessar pelo seu desenrolar e, ainda por
cima, provocar emoção ao longo do enredo? Só mesmo o velho e bom Clint, com seus 86
anos de vida e grandes filmes no currículo, para se sair bem de um
empreendimento assim.
Mas
mesmo um bom diretor precisa ter em mãos um roteiro bem tramado. E Clint contou
com um trabalho primoroso do roteirista Todd Komarnicki, que soube tecer a
narrativa com idas e vindas de um fato que durou, na realidade, apenas 208
segundos: o acidente com o avião A320, do Voo 1549 da US Airways, que saía de Nova
York e cujo piloto precisou fazer um pouso forçado no Rio Hudson, salvando a si
mesmo e outras 154 pessoas. O fato se deu em 15 de janeiro de 2009.
No
papel do piloto, o talentoso Tom Hanks entrega uma interpretação sóbria, na
medida certa. É convincente em cada detalhe, mas sobretudo ao duvidar de si
mesmo após ser acusado de negligência pela cúpula da empresa de aviação.
O
filme foca no processo investigativo que o Conselho de Segurança de Transportes Nacionais move contra o piloto, por
considerar que ele descumpriu suas normas, a despeito de sua
ação ter sido bem-sucedida. O processo coloca um homem, considerado herói pelas
pessoas comuns, contra um sistema composto de tecnocratas, que usam os recursos
de que dispõem com o fim de condená-lo.
Temos,
portanto, o caso de uma pessoa enfrentando uma engrenagem desumana. Jogando com
esses dois polos da história, e encaixando as falas certas nos momentos adequados,
o filme apresenta momentos de grande empatia com o espectador e, mais que isso,
consegue tornar a história altamente comovente.
Nós,
humanos, somos seres mentalmente frágeis. Podemos ser presas fáceis de
malandros ou de poderosos que nos manipulam a seu bel-prazer. Por acreditar em
ideias estúpidas, pessoas podem morrer ou matar, e até infelicitar uma nação
inteira. Mas, em determinadas situações, só o indivíduo solitário pode tomar
uma decisão salvadora. É a pessoa certa, no lugar e na hora certos. Foi o caso
do piloto Chesley ‘Sully’ Sullenberger, segundo esse belo filme de Clint
Eastwood.
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