25 de fevereiro de 2019

DARTAGNAN JÚNIOR (1960-2019), Ator

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O ator brasileiro Dartagnan Júnior morreu no dia 24 de fevereiro, no Rio de Janeiro, aos 58 anos. Ele estava internado para tratar de hepatite C e pancreatite.

Ele trabalhou mais para a TV, tendo aparecido em apenas cinco filmes: "Onda Nova" (1983), "Anjos da Noite" (1987), "Minha Vida em Suas Mãos" (2001), "Histórias do Olhar" (2002) e "Apolônio Brasil, Campeão da Alegria" (2003).

Nasceu José D'Artagnan em 4 de novembro de 1960, em São Paulo, São Paulo. Deixou viúva a roteirista e dramaturga Maria Carmem Barbosa, com quem não teve filhos. Tinha um filho que mora nos EUA.

(Foto: Google Imagens/mundonovelass.blogspot.com)

OSCAR 2019: 'Green Book - O Guia' É o Melhor Filme

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A 91ª edição dos prêmios Oscar, promovida pela Academia de Artes e Ciências Cinematográficas de Hollywood, transcorreu ontem, dia 24 de fevereiro, em Los Angeles. Foi uma cerimônia diferente, mais curta e, porque não dizer, a mais desenxabida a que já assisti. "Green Book - O Guia" foi eleito o melhor filme, e levou também as estatuetas de melhor roteiro original e melhor ator coadjuvante. Rami Malek ganhou o Oscar de melhor ator, por "Bohemian Rhapsody", e fez o mais emocionante discurso de agradecimento da noite.
A seguir, a lista dos vencedores de filmes de longa-metragem:

1 - Melhor Filme: "Green Book - O Guia" (Green Book, EUA, 2018), de Peter Farrelly

2 - Melhor Diretor: Alfonso Cuarón, por "Roma" (Idem, México/ EUA, 2018)

3 - Atriz: Olivia Colman, por "A Favorita" (The Favourite, Irlanda/Reino Unido/EUA, 2018), de Yorgos Lanthimos

4 - Melhor Ator: Rami Malek, por "Bohemian Rhapsody" (Idem, Reino Unido/EUA, 2018), de Bryan Singer

5 - Melhor Atriz Coadjuvante: Regina King, por "Se a Rua Beale Falasse" (If Beale Street Could Talk, EUA, 2018), de Barry Jenkins

6 - Melhor Ator Coadjuvante: Mahershala Ali, por "Green Book - O Guia"

7 - Melhor Roteiro Original: Nick Vallelonga, Brian Hays Currie e Peter Farrelly, por "Green Book - O Guia"

8 - Melhor Roteiro Adaptado: Charlie Watchtel, David Rabinowitz, Kevin Willmott e Spike Lee, por "Infiltrado na Klan" (BlacKkKlansman, EUA, 2018), de Spike Lee

9 - Melhor Fotografia: Alfonso Cuarón, por "Roma"

10 - Melhor Montagem: John Ottman, por "Bohemian Rhapsody"

11 - Melhor Direção de Arte (Design de Produção): Hannah Beacher e Jay Hart, por "Pantera Negra" (Black Panther, EUA/ África do Sul/Coreia do Sul/Austrália, 2018), de Ryan Coogler

12 - Melhor Figurino: Ruth E. Carter, por "Pantera Negra"

13 - Melhor Trilha Musical: Ludwig Göransson, por "Pantera Negra"

14 - Melhor Canção Original: Lady Gaga, Mark Ronson, Anthony Rossomando e Andrew Wyatt, por "Shallow", do filme "Nasce uma Estrela" (A Star Is Born, EUA, 2018), de Bradley Cooper

15 - Melhor Filme de Animação: "Homem-Aranha no Aranhaverso" (Spider-Man: Into the Spider-Verse, EUA, 2018), de Bob Persichetti, Peter Ramsey e Rodney Rothman

16 - Melhor Filme em Língua Estrangeira: "Roma"

17 - Melhor Documentário: "Free Solo" (Sem título no Brasil, EUA, 2018), de Jimmy Chin e Elizabeth Chai Vasarhelyi

18 - Melhor Mixagem de Som: Paul Massey, Tim Cavagin e John Casali, por "Bohemian Rhapsody"

19 - Melhor Edição de Som: John Warhurst e Nina Hartstone, por "Bohemian Rhapsody"

20 - Melhores Efeitos Visuais: Paul Lambert, Ian Hunter, Tristan Myles e J. D. Schwalm, por "O Primeiro Homem" (First Man, EUA/Japão, 2018), de Damien Chazelle

21 - Melhor Maquiagem e Penteado: Greg Cannom, Kate Biscoe e Patricia DeHaney, por "Vice" (Idem, EUA, 2018), de Adam McKay.

(Foto: Google Imagens)

24 de fevereiro de 2019

STANLEY DONEN (1924-2019), Diretor

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O diretor americano Stanley Donen morreu no dia 21 de fevereiro, em Nova York, aos 94 anos.

Donen começou no cinema como coreógrafo, função que exerceu ao longo dos anos 1940 em cerca de dez filmes, dentre os quais se destacam "Modelos" (Cover Girl, 1944), "Marujos do Amor" (Anchors Aweigh, 1945), "O Príncipe Encantado" (A Date with Judy, 1948) e "A Bela Ditadora" (Take Me Out to the Ball Game, 1949).

Ele estreou como diretor em dupla com Gene Kelly e já renovando o filme musical em Hollywood. Desta parceria surgiram "Um dia em Nova York" (On the Town, 1949), "Cantando na Chuva" (Singin' in the Rain, 1952) e "Dançando nas Nuvens" (It's Always Fair Weather, 1955).

De outra parceria, desta vez com George Abbot, resultaram "Um Pijama para Dois" (The Pajama Game, 1957) e "O Parceiro de Satanás" (Damn Yankees, 1958).

Sozinho ele também realizou outros belos musicais: "Núpcias Reais" (Royal Wedding, 1951), "Procura-se uma Estrela" (Give a Girl a Break, 1953), "Sete Noivas para Sete Irmãos" (Seven Brides for Seven Brothers, 1954), "Bem no Meu Coração" (Deep in My Heart, 1954) e "Cinderela em Paris" (Funny Face, 1957).

No final dos anos 1950, como as condições para a realização de musicais em Hollywood se tornaram complicadas, Donen migrou para outros gêneros de filmes, geralmente produzidos pelo Reino Unido. Entre os filmes que dirigiu desde então "Indiscreta" (Indiscreet, 1958), "Do Outro Lado o Pecado" (The Grass Is Greener, 1960), "Charada" (Charade, 1963), "Arabesque" (Idem, 1966), "Um Caminho para Dois" (Two for the Road, 1967), que lhe deu o prêmio Concha de Ouro no Festival de San Sebastián, Espanha, "O Pequeno Príncipe! (The Little Prince, 1974) e "Feitiço do Rio" (Blame It on Rio, 1984), seu último trabalho no cinema.

Quase ignorado pelas premiações quando estava na ativa, Donen começou a ser lembrado logo que se aposentou no cinema, e recebeu muitos prêmios honorários, inclusive o Oscar, em 1998, e o Leão de Ouro do Festival de Veneza, em 2004.

Stanley Donen nasceu em 13 de abril de 1924, em Columbia, Carolina do Sul, EUA. Casou-se e se divorciou cinco vezes. Tinha um filho do terceiro casamento e teve dois do segundo, o supervisor de efeitos visuais Peter Donen (1953-2003) e o produtor Joshua Donen.

(Foto: Google Imagens)

Independent Spirit Awards 2019: Vitória de 'Se a Rua Beale Falasse'

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A 34ª edição dos prêmios Film Independent Spirit, que destacam os melhores do cinema americano independente, aconteceu em 23 de fevereiro. "Se a Rua Beale Falasse" levou a melhor, conquistan-do três troféus, inclusive os de melhor filme e melhor diretor. O prêmio de melhor filme vai para os produtores.
A seguir, a lista dos principais premiados:

1 - Melhor Filme: "Se a Rua Beale Falasse" (If Beale Street Could Talk, EUA, 2018)

2 - Melhor Diretor: Barry Jenkins, por "Se a Rua Beale Falasse"

3 - Melhor Atriz: Glenn Close, por "A Esposa" (The Wife, Reino Unido/Suécia/EUA, 2018), de Björn Runge

4 - Melhor Ator: Ethan Hawke, por "No Coração da Escuridão" (First Reformed, EUA/Reino Unido/Austrália, 2017), de Paul Schrader

5 - Melhor Atriz Coadjuvante: Regina King, por "Se a Rua Beale Falasse"

6 - Melhor Ator Coadjuvante: Richard E. Grant, por "Poderia Me Perdoar?" (Can You Ever Forgive Me?, EUA, 2018), de Marielle Heller

7 - Melhor Roteiro: Jeff Whitty e Nicole Holofcener, por "Poderia Me Perdoar?"

8 - Melhor Fotografia: Sayombhu Mukdeeprom, por "Suspíria - A Dança do Medo" (Suspiria, Itália/EUA, 2018), de Luca Guadagnino

9 - Melhor Montagem: Joe Bini, por "Você Nunca Esteve Realmente Aqui" (You Were Never Really Here, Reino Unido/ França/EUA, 2017), de Lynne Ramsey

10 - Melhor Primeiro Filme: "Sorry to Bother You" (Sem título no Brasil, EUA, 2018), de Boots Riley

11 - Melhor Primeiro Roteiro: Bo Burnham, por "Oitava Série" (Eighth Grade, EUA, 2018), de Bo Burnham

12 - Melhor Filme Internacional: "Roma" (Idem, México/EUA, 2018), de Alfonso Cuarón

13 - Melhor Documentário: "Won't You Be My Neighbor?" (Sem título no Brasil, EUA, 2018), de Morgan Neville

14 - Prêmio John Cassavetes: "On the Seventh Day" (Sem título no Brasil, EUA, 2017), de Jim McKay

15 - Prêmio Robert Altman: "Suspíria - A Dança do Medo".

(Foto: Google Imagens/vertentesdocinema.com)

23 de fevereiro de 2019

FRAMBOESA DE OURO 2019: Os Piores de Hollywood em 2018

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A 39ª edição dos antiprêmios Golden Raspberry (Franboesa de Ouro), também conhecidos como Razzie, aconteceu hoje em Los Angeles. Quatro troféus foram para "Holmes and Watson", inclusive o de pior filme e o de pior diretor para Etan Cohen, que não tem qualquer parentesco com Ethan Coen, que continua a realizar filmes admiráveis, em parceria com seu irmão Joel Coen.
A seguir, a lista dos infelizes aquinhoados:

1 - Pior Filme: "Holmes and Watson" (Sem título no Brasil, EUA, 2018)

2 - Pior Diretor: Etan Cohen, por "Holmes and Watson"

3 - Pior Atriz: Melissa McCarthy, por "Alma da Festa" (Life of the Party, EUA, 2018), de Ben Falcone, e "Crimes em Happytime" (The Happytime Murders, China/EUA, 2018), de Brian Henson

4 - Pior Ator: Donald J. Trump (como ele mesmo), por "Death of a Nation" (Sem título no Brasil, EUA, 2018), de Dinesh D'Souza e Bruce Schooley, e "Faherenheit 11/9" (Sem título no Brasil, EUA, 2018), de Michael Moore

5 - Pior Atriz Coadjuvante: Kellyanne Conway (como ela mesma), por "Fahrenheit 11/9"

6 - Pior Ator Coadjuvante: John C. Reilly, por "Holmes and Watson"

7 - Pior Dupla da Tela: Donald J. Trump e Sua Mesquinharia que se Autoperpetua, por "Death of a Nation" e "Fahrenheit 11/9"

8 - Pior Roteiro: Niall Leonard, por "Cinquenta Tons de Liberdade" (Fifty Shades Freed, EUA, 2018), de James Foley

9 - Pior Remake, Rip-Off ou Sequência: "Holmes and Watson".

(Foto: Google Imagens/maisclube.com.br)

21 de fevereiro de 2019

CLAUDE GORETTA (1929-2019), Diretor

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O diretor e roteirista suíço Claude Goretta morreu no dia 20 de fevereiro, em Genebra, Suíça, aos 89 anos.

Suíço de língua francesa, Goretta foi mais ativo na TV, onde começou e terminou. No cinema, realizou cerca de uma dezena de filmes, entre 1970 e 1992, sempre com a sua participação no roteiro.

Somente dois de seus filmes tiveram lançamento no Brasil, e são dois belos filmes, que foram premiados no Festival de Cannes: "O Convite" (L'invitation, Suíça/França, 1973), que lhe deu o Prêmio do Júri e o Prêmio Internacional para filme dramático, e "Um Amor Tão Frágil" (La dentellière, França/Suíça/Alemanha Ocidental, 1977), que lhe valeu o Prêmio do Júri Ecumênico.

Claude Goretta nasceu em 26 de junho de 1929, em Genebra, Suíça. Tinha um filho chamado Lucas Goretta.

(Foto: Isabelle Huppert em "Um Amor Tão Frágil" - Google Imagens/maringa.com)

20 de fevereiro de 2019

'A Mula' Já Nasceu um Clássico Moderno

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Da atual safra de filmes, o melhor que vi até agora é “A Mula” (The Mule, 2018), de Clint Eastwood, um profissional de rara competência que ainda se mantém no ramo. Aos 88 anos, ele fez um filme excepcional sob todos os aspectos, na minha avaliação.

O próprio diretor vive o protagonista, um cultivador de flores idoso que vende a sua produção diretamente aos clientes, enquanto os negócios vão migrando para a internet. Por ser um analfabeto digital, ele não consegue fazer a migração. Passados doze anos, ele chega aos 90 arruinado financeiramente e com a família contra ele. O que lhe resta a fazer? Virar “mula” do Cartel de Sinaloa, que trafica drogas do México para os EUA.

Os negócios do cartel movimentam muito dinheiro. O velhinho faz as suas viagens sem problema, porque ninguém desconfia de um sobrevivente da sua idade, e vai embolsando altas quantias. Melhora de vida, ajuda e reconquista a família e ainda colabora com a Associação dos Veteranos da Guerra da Coreia, da qual faz parte. Ninguém abandona uma atividade lucrativa assim, ainda mais sendo ameaçado pelos mexicanos para permanecer no negócio.

Clint Eastwood, assim como seu personagem, não ficou velho à toa, sem adquirir sabedoria. Ele conhece todos os segredos do cinema e, tendo um bom roteiro nas mãos, sabe transformá-lo num filme melhor que ninguém. Não conheço diretor mais habilidoso que ele, hoje, em Hollywood. As peripécias da história são encenadas com inteligência e os diálogos são primorosos.

Sabendo livrar-se de armadilhas, o velho Clint faz piada com o assunto que lhe apraz, sem dar bola para o que vão dizer os chatos da correção política: etnia, raça, velhice. O resultado é um filme estupendo, que nenhum outro diretor teria coragem de se arriscar a fazer. Creio que aqueles que conhecem bem o cinema clássico hollywoodiano poderão melhor aquilatar as suas qualidades.

Um filme assim deveria estar concorrendo ao Oscar em muitas categorias. Sobretudo por tratar de uma minoria – nós, os velhos –, quando parece que todo mundo fala em diversidade e pede filmes sobre minorias. “A Mula”, porém, não recebeu uma só mísera indicação. 

Mas não é difícil entender os motivos por que Hollywood esnobou o filme, embora ele tenha obtido um sucesso financeiro considerável. Primeiro, porque os velhos não são uma minoria barulhenta. Segundo, porque os que hoje dominam a Academia de Artes e Ciências Cinematográficas têm horror ao politicamente incorreto. Terceiro, porque o velho Clint pertence ao partido do “monstro” que ocupa a Presidência dos EUA.

(Foto: Google Imagens/ primeiraesetimaarte.com.br)

'Green Book - O Guia' É um Belo Filme

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Dos oito filmes indicados ao Oscar de melhor filme, vi todos os que me interessavam e gostei de dois apenas: “Nasce uma Mulher” e “Green Book – O Guia”. Para o meu gosto, ambos os filmes excedem em qualidades, considerado o panorama cinematográfico atual.

Achei a história contada por “Green Book – O Guia” (Green Book, 2018), de Peter Farrelly, muito interessante. Fala de um grande pianista negro e seu motorista branco, viajando pelos estados do sul dos EUA, na virada da década de 1950 para a de 1960. São dois habitantes de mundos muito diversos. O pianista é um homem bem-educado, e o motorista é um ítalo-americano casca-grossa, que está afastado das funções de leão de chácara da boate Copacabana, em Nova York, que passa por reforma.

Em Nova York, uma das cidades mais cosmopolitas do mundo, o pianista negro podia trabalhar sem empecilho nenhum, bastando-lhe o talento e nada mais. Nos estados sulistas, entretanto, as populações eram as mais racistas do país. E o Green Book (Livro Verde) era justamente um guia para viajantes negros que se aventuravam pelo sul, com indicação de hospedarias próprias para os negros, além de recomendações de como deviam se comportar.

De um lado, a longa convivência entre os dois homens e, de outro lado, a camaradagem que surge da necessidade de resolverem juntos as encrencas que encontram no trajeto fazem com que o pianista desça alguns degraus do seu pedestal, enquanto o motorista sobe outros tantos degraus, por causa das qualidades humanas que vai revelando no cumprimento da sua missão complicada. A conclusão é óbvia: eles terminam amigos.

Embora mostre episódios da maior gravidade, que não deveriam acontecer no mundo civilizado, o filme não apela para os baixos sentimentos do espectador, como se vê com frequência no cinema atual. Ao contrário, o filme é divertidíssimo, faz rir e faz chorar. Justamente como todo bom filme deveria fazer, é o que eu penso.

O mais espantoso é que o filme se baseia em fatos verdadeiros. Depois, Tony Lip (nascido Antonio Vallelonga), o motorista, virou ator de cinema. Sua primeira aparição foi no filme “O Poderoso Chefão” (1972), como um convidado na festa de casamento que acontece no início. Seu filho Nick Vallelonga é um dos roteiristas de “Green Book – O Guia”.

(Foto: Google Imagens/youtube.com)

O Melhor de 'Assunto de Família É o Roteiro

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O japonês Hirokazu Kore-eda, diretor de “Assunto de Família” (Manbiki kazoku, 2018), é o queridinho da crítica, no momento. Basta ver que, no ano passado, o filme venceu o Festival de Cannes.

No começo do filme, um homem de seus 50 anos, pois seu cabelo já começou a embranquecer, encontra na rua uma criança, uma menina, e a leva para casa para lhe dar comida. Na casa dele, a família parece ser muito unida, apesar da pobreza evidente. Há uma mulher idosa, chamada de vó, duas mulheres jovens (um talvez no final da adolescência, a outra um pouco mais velha) e um garoto por volta dos 10 anos. A vó reclama de mais uma boca para alimentar, a comida é pouca. O homem sai com a menina, tenta se livrar dela, mas acaba trazendo-a de volta.

Dá-se a impressão de que a família é composta pela avó e um pai com duas filhas e um filho. Para nós, ocidentais, todos os japoneses são parecidos. O garoto pratica furtos nas lojas da vizinhança e ensina a menina a fazer o mesmo. Apesar da vida difícil, a família é unida e parece que todos estão muito bem assim. Deduzindo-se pelas aparências, trata-se de uma família feliz.

Um dia, acontece algo estranho: a moça mais erada tira a roupa e o “pai” faz amor com ela. Depois, o garoto tenta fazer um furto, não consegue fugir e acaba pego. O garoto confessa que ele falhou intencionalmente, para poder voltar à família biológica. O caso vai para na polícia e outras novidades vêm à tona. A jovem mais erada matou o marido, um sujeito execrável, com a ajuda do suposto pai do grupo familiar. Mas assume ter cometido o crime só, para não implicar o bom homem que a ajudou a se livrar do marido.

Aos poucos, o espectador vai descobrindo que, na família pobre mas feliz, ninguém é parente de ninguém. A intenção do filme, a meu ver, é mesmo mostrar que a família é feliz justamente pela ausência de vínculos de consanguinidade entre seus membros. Todos parecem ter fugido de suas famílias verdadeiras. A mulher que matou o marido, destruindo sua família verdadeira, porque nela não era feliz. Os outros três jovens fugiram de suas famílias biológicas por justo motivos, inclusive maus-tratos.

Na minha avaliação, portanto, o filme demonstra que uma família só pode ser feliz quando todos têm por objetivo sobreviver, não importa se cometendo crimes, e, de preferência, sem laços de sangue. Porque as famílias biológicas são um horror.

Após resolvida a questão policial, a família do garoto é localizada, mas nenhum parente dele aparece para resgatá-lo. Mas o chefe de família fake o acompanha até a estação de trem, onde se despedem como verdadeiros pai e filho, e o garoto parte sozinho. Um espectador distraído poderia ver aí um furo do roteiro. Nada disso. É o argumento cabal de que a família biológica só é fonte de infelicidade de seus membros.

Gostei do roteiro do filme, que apresenta os fatos sem antecipar nada. Os acontecimentos se sucedem e, a partir deles, o que está oculto vai se revelando.

“Assunto de Família” concorre ao Oscar de melhor filme em língua estrangeira.

(Foto: Google Imagens/msn.com)