'Roma' É Apenas um Filme Mediano
O filme "Roma", do mexicano Alfonso Cuarón, está prestigiado na disputa pelo Oscar. Ele mostra o que querem o público e a Hollywood atuais: a defesa da diversidade, isto é, a defesa de uma boa causa. O problema é que boas causas são passageiras e não garantem a permanência de um filme na memória de ninguém.
O filme acompanha uma família de classe média da Cidade do México, nos anos 1970 e 1971, mas o foco recai sobre a empregada, que faz de tudo um pouco na casa dos patrões e ainda é vítima de um sujeito machista que a engravida. Na primeira imagem, a câmera está voltada para baixo, para o chão sujo de cocô de cachorro que a empregada lava. Na última imagem, a câmera acompanha a empregada enquanto ela sobe a escada para chegar ao ponto mais alto da casa, depois se fixa mostrando o céu. Gostei de ver essa evolução na maneira de ver a empregada.
Não posso deixar de opinar sobre três cenas do filme, sobre as quais tenho minhas reservas. A primeira é uma festa, com muita gente e só se ouve a babel generalizada, o burburinho; nenhuma palavra distinguível, nenhuma personagem particularizada. Não consegui captar a razão daquilo dentro da história.
Outra cena é um parto, mostrada tintim por tintim, com o mais cansativo naturalismo. É o parto da emprega, evidentemente, mas haja paciência.
A última cena a que me refiro acontece na praia. A empregada, que não sabe nadar, precisa se arriscar a entrar no mar para salvar duas crianças que estão em vias de morrerem afogadas. Nem mesmo o neorrealismo italiano conseguiu ser tão piegas.
Um filme mediano como esse, que já ganhou o Globo de Ouro de melhor filme e melhor diretor, além de quatro prêmios BAFTA, da Academia Britânica, inclusive os de melhor filme, melhor diretor e filme em língua estrangeira, é indiscutivelmente um dos favoritos na disputada pelas mais importantes estatuetas do Oscar. O que mostra bem a situação do cinema neste estranho momento em que vivemos.
(Foto: Google Imagens/cineplayers.com)
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