20 de fevereiro de 2019

O Roteiro de 'Vice' É Meio Confuso

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O filme “Vice” (Idem, 2018), de Adam McKay, tem alguns pontos interessantes, um dos quais é a competência dos atores. Dentro da pretensão do filme, atores e atrizes entregam boas interpretações, especialmente Christian Bale, que encarnou Dick Cheynne como imagino que um médium espírita o faria.

No roteiro, notei alguns problemas como, às vezes, a falta de foco. Há também o que me pareceu ser um excesso de intercalações de imagens que nada têm a ver com os fatos mostrados; servem apenas de comentários irônicos do que a personagem faz ou diz. Além dessas imagens-comentários, há muitos momentos de vai-e-volta no tempo.

Em consequência desses “ruídos” narrativos, considerei excessiva a narração verbal (voice-over), que tem a função de colocar ordem em toda a balbúrdia. Não cheguei a me irritar com tudo isso, mas confesso que me chateei em alguns momentos.

Por tratar da vida de Dick Cheynne, vice-presidente de George Bush filho, o filme mostra fatos da sua vida desde seu tempo de faculdade. E, por ele ser do Partido Republicano, outras figuras de alto coturno do partido são mostradas também. Mas todos os republicanos retratados aparecem como idiotas e ridículos. São incapazes de pensar e não sabem o que devem fazer em seus importantes cargos na hierarquia da administração dos EUA. E, quando tomam decisões por suas próprias cabeças, só fazem c-g-d-s. O que parecem ter de sobra é ambição, verdadeira tara pelo poder. Até os eleitores republicanos, que aparecem numa cena de comício, são caipiras idiotas, fáceis de serem tapeados. Os presidentes republicanos Richard Nixon (sem dúvida, um pilantra) e Bush filho são ridicularizados ao extremo. 

Dos presidentes democratas, aparece Jimmy Carter em imagens deterioradas, talvez para dizer que seu governo não teve nenhum brilho, o que é verdade. Aparece também Barack Obama prestando o juramento no ato da posse e, ainda, a multidão imensa que celebrou a sua posse. Só faltou a auréola de santo sobre a sua cabeça.
Portanto, o filme desce o sarrafo sem dó nos políticos republicanos, o que significa uma defesa implícita do Partido Democrata. Não vejo nenhum problema nenhum nisso. Pode-se fazer filmes bons ou ruins sobre quaisquer personagens, reais ou fictícias. No Brasil, por exemplo, já fizeram excelentes filmes a favor de Lampião, o rei do cangaço, assim como péssimos filmes também a favor dele.

Mas “Vice” tem uma cena que é puro cabotinismo. Depois que a história termina e começam a subir os créditos, reaparece um grupo de pessoas que antes discutiam política. Um homem acusa o filme de parcialidade a favor dos democratas, e outro discorda, dando início a uma briga. Não sei, mas pode ser que os realizadores do filme acreditem que os espectadores sejam tão idiotas quanto os políticos e eleitores republicanos. Podem até ter razão no geral, mas eu acho que existem exceções.

Esse filme está concorrendo ao Oscar em oito categorias.

(Foto: Google Imagens/portaldisparada.com.br)

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