O Roteiro de 'Vice' É Meio Confuso
O filme “Vice” (Idem, 2018),
de Adam McKay, tem alguns pontos interessantes, um dos quais é a competência dos
atores. Dentro da pretensão do filme, atores e atrizes entregam boas
interpretações, especialmente Christian Bale, que encarnou Dick Cheynne como imagino
que um médium espírita o faria.
No roteiro, notei alguns
problemas como, às vezes, a falta de foco. Há também o que me pareceu ser um
excesso de intercalações de imagens que nada têm a ver com os fatos mostrados;
servem apenas de comentários irônicos do que a personagem faz ou diz. Além
dessas imagens-comentários, há muitos momentos de vai-e-volta no tempo.
Em consequência desses “ruídos”
narrativos, considerei excessiva a narração verbal (voice-over), que tem a
função de colocar ordem em toda a balbúrdia. Não cheguei a me irritar com tudo
isso, mas confesso que me chateei em alguns momentos.
Por tratar da vida de Dick
Cheynne, vice-presidente de George Bush filho, o filme mostra fatos da sua vida
desde seu tempo de faculdade. E, por ele ser do Partido Republicano, outras
figuras de alto coturno do partido são mostradas também. Mas todos os
republicanos retratados aparecem como idiotas e ridículos. São incapazes de
pensar e não sabem o que devem fazer em seus importantes cargos na hierarquia
da administração dos EUA. E, quando tomam decisões por suas próprias cabeças,
só fazem c-g-d-s. O que parecem ter de sobra é ambição, verdadeira tara pelo
poder. Até os eleitores republicanos, que aparecem numa cena de comício, são
caipiras idiotas, fáceis de serem tapeados. Os presidentes republicanos Richard
Nixon (sem dúvida, um pilantra) e Bush filho são ridicularizados ao extremo.
Dos presidentes democratas,
aparece Jimmy Carter em imagens deterioradas, talvez para dizer que seu governo
não teve nenhum brilho, o que é verdade. Aparece também Barack Obama prestando
o juramento no ato da posse e, ainda, a multidão imensa que celebrou a sua
posse. Só faltou a auréola de santo sobre a sua cabeça.
Portanto, o filme desce o
sarrafo sem dó nos políticos republicanos, o que significa uma defesa implícita
do Partido Democrata. Não vejo nenhum problema nenhum nisso. Pode-se fazer
filmes bons ou ruins sobre quaisquer personagens, reais ou fictícias. No Brasil,
por exemplo, já fizeram excelentes filmes a favor de Lampião, o rei do cangaço,
assim como péssimos filmes também a favor dele.
Mas “Vice” tem uma cena que é
puro cabotinismo. Depois que a história termina e começam a subir os créditos, reaparece
um grupo de pessoas que antes discutiam política. Um homem acusa o filme de
parcialidade a favor dos democratas, e outro discorda, dando início a uma briga.
Não sei, mas pode ser que os realizadores do filme acreditem que os
espectadores sejam tão idiotas quanto os políticos e eleitores republicanos.
Podem até ter razão no geral, mas eu acho que existem exceções.
Esse filme está concorrendo ao Oscar em oito categorias.
(Foto: Google Imagens/portaldisparada.com.br)
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